domingo, 30 de outubro de 2011

MENINGITE (PARTE TRÊS)...

...CONTINUAÇÃO


Meningite «ataca» no Outono e Primavera .


A meningite meningocócica é uma doença que pode matar.


Mas a morte rápida pode não estar na meningite. A septicemia, cujo agente é comum à meningite, pode ser uma infecção tão violenta que nem dá tempo a que o meningococo chegue ao cérebro.


A meningite meningocócica parece preferir o Outono e a Primavera para se manifestar, o que o Dr. Luís Mota, médico pediatra, justifica com «a maior frequência das infecções respiratórias que podem oferecer condições de susceptibilidade ao aparecimento da meningite».


Também a percentagem de meningococos nos portadores sãos pode atingir um valor capaz de fazer surgir um surto desta doença porque, afirma o especialista, «todos nós podemos albergar um meningococo na nossa rinofaringe».


A meningite é explicada como uma inflamação das meninges, que são as estruturas que envolvem o cérebro. As manifestações da doença dependem da idade da pessoa afectada. Trata-se de uma doença contagiosa, que inclui as chamadas meningites benignas, cujas «culpas» são atribuídas a um vírus que não apresenta possibilidade de terapêutica antibiótica.




Estas meningites virais «são doenças autolimitadas, mas que também requerem internamento porque muitas vezes as crianças têm febre e vomitam, precisando de um apoio hidroelectrolítico para não se desidratarem», refere Luís Mota.




As meningites neonatais manifestam-se por febre ou hipotermia, rejeição dos alimentos, prostração, irritabilidade e, por vezes, convulsões localizadas. «Nos lactentes poderá também surgir uma hipertensão da fontanela anterior», adianta o pediatra.




Quando a criança atinge uma idade em que já se pode queixar surgem eventualmente cefaleias, além da febre que habitualmente está presente, prostração, vómitos e rigidez da nuca.


SEPTICEMIA MORTAL.
A septicemia pode ser provocada por muitos agentes. Mas aquela que habitualmente aparece nas crianças e que pode causar morte rápida materializa-se num agente que também é causa da meningite -- uma bactéria que dá pelo nome de meningococo.


A septicemia mais grave, que pode muitas vezes ser identificada como meningite fulminante, pode causar a morte pouco tempo após as primeiras manifestações. Trata-se de uma infecção sanguínea igualmente despoletada pelo meningococo.


Por isso Luís Mota esclarece que «na maioria dos casos há septicemia quando há meningite, porque a bactéria circula. Quando o faz, pode atravessar a barreira hematoencefálica e causar meningite».




Mas, por vezes, é de tal maneira grave que não dá tempo a provocar meningite. Essa é a forma mais grave de septicemia.




Isto significa que o falecimento da criança nem sequer é atribuído à meningite. Aliás, sublinha o pediatra, «um dos critérios de gravidade da septicemia é a não existência de meningite».




Se uma criança aparece no banco de urgência com uma septicemia, é executada uma punção lombar, ou seja, extrai-se uma amostra do líquido da medula espinal.


Caso não lhe seja diagnosticada uma meningite, o médico tem razões para ficar bastante apreensivo, na medida em que suspeita ter em mãos um exemplo grave de septicemia.


A meningite meningocócica pode aparecer em qualquer mês, mas parece preferir o Outono e a Primavera para o fazer. Também a percentagem de meningococos nos portadores sãos pode atingir um determinado valor capaz de fazer surgir um surto desta doença, porque todos nós podemos albergar o meningococo na nossa rinofaringe.


A profilaxia dos contactos íntimos visa fundamentalmente eliminar a bactéria da rinofaringe do portador são que porventura terá infectado o doente hospitalizado e que potencialmente poderá vir a infectar outros indivíduos.


COMUNIDADES FECHADAS.
Normalmente a meningite e a septicemia meningococica são provocadas pelos meningococos que vivem na nossa rinofaringe. Luís Mota aponta determinadas situações em que o organismo está mais debilitado ou com uma quebra de imunidade, como propícias ao aparecimento da infecção meningococica.




Há factores sociais inerentes à proliferação da doença, como por exemplo a coabitação em comunidades fechadas, que podem facilitar a disseminação da infecção.


As meningites que reclamam mais urgência no seu tratamento são as bacterianas.


Esses microrganismos variam de acordo com o escalão etário a que a pessoa afectada pertence, sendo diferentes no período neonatal, nas crianças de um a três meses e desta idade em diante.




Há que tentar, em primeiro lugar, isolar o agente responsável, procurando identificá-lo no sangue, bem como efectuar uma análise ao líquido da medula espinal, após o que Luís Mota defende a administração imediata de um antibiótico de largo espectro que procure cobrir os agentes mais frequentes nesse grupo etário. Contudo, a meningite meningocócica prevalece no nosso país e ainda não tem vacina.


RAZÕES PARA PROCURAR O MÉDICO.
· Febre alta


· Prostração


· Vómitos


· Aparecimento de petéquias (pequenas hemorragias na pele ou manchas tipo picada de pulga, que avançam rapidamente), ou sufusões hemorrágicas

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