FONTE: NOEMI FLORES, TRIBUNA DA BAHIA.
O resultado de uma pesquisa, que dá esperança para pessoas que possuem acúmulo de colesterol em veias e artérias, propensas a infarto, surpreendeu muita gente.
O Trypanosoma cruzi, protozoário que causa a doença de Chagas (coração incha), pode ser um novo remédio para este mal, porque é produtor de uma enzima chamada transialidase. E quase a mesma substância também trata de lesões na pele provocadas pela radioterapia.
O estudo foi desenvolvido durante 10 anos pela diretora do Laboratório de Inflamação e Infecção do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (Incor-USP), a médica patologista Maria de Lourdes Higuchi, que falou , por telefone, com a reportagem da Tribuna.
Higuchi destaca que não se trata da utilização em si do protozoário, mas “foi feita uma bactéria recombinante para produzir esta proteína, sem precisar se utilizar o Trypanosoma cruzi, elaborada pelo professor Sérgio Schenkman, biologista molecular da Universidade Federal de São Paulo.
A pesquisadora conta que tem esperança de conseguir patrocínio de alguma indústria para continuar a pesquisa e na produção do remédio que vai ajudar pessoas que têm problemas de aterosclerose, pois há muita contaminação com bactérias que poderiam ser eliminadas por esta proteína que é produzida nos animais.
“Quando realizamos as pesquisas, nas últimas quatro semanas, os protozoários tiveram a propriedade de remover estas bactérias e as placas mais gordurosas, responsáveis pela inflamação que ocasiona o enfarte. Associamos a esta enzima umas nanopartículas de vegetais com propriedade antioxidante e com isto se consegue remover todas as placas”, explicou.
O foco da pesquisa, segundo a médica, foi o seu conhecimento ao longo dos anos. “Verifiquei que as pessoas com a Doença de Chagas não têm asterosclerose, acúmulo de colesterol nas veias. Quando passamos a estudar descobrimos que a enzima transialidase, produzida pelo Trypanosoma cruzi, retira das células humanas ácido siálico.
Esse ácido ajuda as bactérias a se unir ao colesterol e se prender nas paredes arteriais, formando blocos de gordura. Sem ácido siálico nas células, porém, as placas de gordura se desmancham.
A médica contou que o procedimento também tem uma ação antiinflamatória. "Estou testando em pacientes com câncer que fazem radioterapia e tem se mostrado mais efetivo. Esta mesma droga impede a queimadura da pele. É a mesma proteína com um tipo diferente de nanopartículas”, afirmou.
Como o assunto não deixa de estar ligado a Doença de Chagas, já que o foco da pesquisa foi o protozoário que transmite a doença, indagada sobre este mal, a médica respondeu que a doença não está avançando e a grande expectativa é de redução, pois há controle do barbeiro (mosquito transmissor) no país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário