FONTE: iG Saúde, TRIBUNA DA BAHIA.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta: a pressão alta já atinge 6% das crianças e adolescentes no Brasil, o que corresponde a uma média de 5 milhões de menores de 18 anos.
A hipertensão infantil compromete o funcionamento dos rins e, em casos raros, aproxima doenças graves que só apareceriam na vida adulta, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Por isso, no Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hipertensão Arterial, celebrado na sexta-feira (26/4), a SBC tem como meta conscientizar não só o público em geral, mas também profissionais de saúde sobre a necessidade de um diagnóstico precoce da hipertensão.
O diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, SBC, Carlos Alberto Machado, ressalta que a maior parte dos médicos ainda não tem o hábito de aferir pressão de crianças ou adolescentes durante as consultas.
Dados da SBC revelam que só em 29% das consultas isso acontece. Por conta do índice de 70% de “esquecimento”, foi iniciado um trabalho para reverter o quadro.
Médicos de todo o País estão sendo instruídos sobre a importância de mensurar a pressão em crianças por meio de cartas e aulas em vídeo distribuídas pela SBC.
Genética e hábitos ruins.
O cardiologista Jefferson Curimbaba, do Hospital do Servidor Público Estadual diz que a recomendação é medir pressão em crianças a partir de 3 anos de idade.
“A pressão, por muitas vezes, é esquecida. Para medir é necessário que a braçadeira do aparelho se adapte ao braço da criança ou adolescente”, explica Curimbaba.
O problema é que nem todas as unidades públicas e consultórios particulares contam com instrumentos adaptados ao público infantil, lamenta Machado. Segundo ele, existem dois tipos de hipertensão. A genética, que a criança herda a predisposição da família, e a ambiental - causada pela obesidade, maus hábitos alimentares e sedentarismo.
“Muitos pais chegam ao consultório pedindo atestado de dispensa médica para que seus filhos não participem das aulas de Educação Física na escola. Eu nunca dou”, reforça o especialista.
“É a única oportunidade da vida em que a criança pode pegar gosto pelo esporte. São muito poucos problemas cardiológicos que impedem a criança de fazer atividade física. Hoje em dia, a criançada passa a maior parte do tempo na frente da televisão e se torna sedentária”, lamenta Machado.
Rins no alvo.
A hipertensão é um quadro muito grave, tanto para adultos quanto para crianças. Segundo Andréa Brandão, cardiologista e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) quando a criança é hipertensa, um dos primeiros órgãos a serem afetados são os rins.
“A hipertensão é um problema silencioso, que pode, pouco a pouco, acarretar problemas maiores na fase adulta”, explica.
Machado complementa que algumas crianças têm a função renal completamente destruída por conta da pressão alta e se tornam dependentes da diálise (aparelho que substitui a função dos rins), até que tenham a oportunidade de fazer um transplante.
“O rim filtra todo o sangue do corpo. As coisas boas são reabsorvidas e as ruins saem na urina. A pressão alta destrói todo o mecanismo que funciona como filtro”, explica o diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC.
Machado também acrescenta que, após o diagnóstico de pressão alta, não é preciso se desesperar. Basta seguir o tratamento prescrito pelo médico e medir a pressão a cada consulta com o profissional. Dependendo do caso, o tratamento não será feito só por médicos.
“Se uma criança obesa emagrecer, as chances do problema ser erradicado somente por meio da mudança alimentação são grandes”, explica ele.
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