FONTE: Arlete Gavranic (www2.uol.com.br).
São muitos os conflitos que chegam até mim resultantes de questões ligadas ao sexo virtual.
Estudiosos e pesquisadores de Internet constantemente avisam que sexo é uma das palavras mais digitadas em sites de busca. Paquerar é quase uma regra na Internet, sites de ‘namoro’ virtual, salas de bate-papo (de namoro e de sacanagem). Tudo isso agora apimentado pela webcam.
Na área de sexualidade muitas pessoas ainda se intimidam com o recurso da webcan, outras se sentem invadidas, mas para alguns esse recurso traz inúmeras possibilidades de prazer.
Os exibicionistas têm prazer em se exibir e os voyeurs em assistir.
Masturbação e sexo virtual.
São muitos os adultos que acabam experimentando a exposição através da webcan, a masturbação frente à câmera, um se exibindo e o outro assistindo, e muitas vezes fazem a masturbação mútua, o que muitos chamam de sexo virtual.
Sexo ‘seguro’.
Já ouvi de algumas pessoas que isso sim é fazer sexo seguro, pois não correm o risco de uma doença sexualmente transmissível.
Já acompanhei vários casos e soube de muitos outros atendidos por colegas psicólogos e psiquiatras de pessoas que se tornam dependentes desse tipo de prática. Algumas pessoas podem manifestar transtornos de personalidade por perderem o controle da situação, e se tornarem compulsivas no sexo via cam.
A facilidade de poder fazer isso de dentro de sua casa, ou mesmo de dentro de seu escritório, consultório... com a ilusão de não ter o risco de se expor publicamente, pode ser ilusória. Muitas gravações são feitas e às vezes alguém se surpreende com essas gravações na internet. Se esses encontros virtuais forem constantes e estiverem registrados no computador, podem ser, de alguma forma, utilizados por advogados como prova de traição.
Minha maior preocupação é em não ser repressora ou antiquada, sei que a vida virtual é uma realidade. Minha preocupação é em relação àquelas pessoas que tenham propensão a desenvolver dependência em relação voyeurismo.
Os pais devem ter atenção muito especial em relação aos seus filhos, crianças e adolescentes. Existe o risco de pedofilia e a estimulação precoce e intensa da sexualidade que pode comprometer o desenvolvimento e a passagem da infância para adolescência.
Adolescentes e sexo virtual.
Muitas vezes recebo mensagens pelo Vya Estelar ou de pessoas que me procuram no consultório sem saber o que fazer com seus filhos que estão dependentes de ficarem assistindo, conversando ou até se expondo online, pois o risco de ficarem fixados em situações libidinosas é muito grande.
Esses jovens em fase de crescimento e desenvolvimento, muitos deles ainda tímidos e inseguros, vulneráveis em sua auto-estima, buscam aprovação ou a a possibilidade de experimentar coisas novas sem precisar se ‘expor demais’. A internet acaba sendo um recurso muito promissor. Essa masturbação pode tornar-se compulsiva e criar uma ansiedade enorme no adolescente que fica com desejo de experimentar todas as "práticas ou fantasias" que poderiam ser naturalmente descobertas e não tão precocemente. Muitos jovens chegam a machucar os genitais de tanto se masturbarem. O mesmo acontece com adultos que desenvolvem essa compulsão.
É claro que jovens precisam conhecer e podem interagir no mundo virtual. Mas cuidado, a webcan pode ser útil, mas também pode ser um risco se não for utilizada com moderação e no caso de jovens, com frequente supervisão de um adulto.
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