FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Ao colocar lado a lado os dois maiores mercados de trabalho das Américas, um estudo inédito feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) revela que o assalariado brasileiro tem mais proteção social do que o dos Estados Unidos e que o perfil de geração de empregos nos EUA foi pior que o brasileiro ao longo da década passada, antes da crise de 2008.
Mais surpresas: enquanto em terras tupiniquins a recuperação gerou emprego e repôs perdas salariais, nos EUA os salários permaneceram estagnados. Intitulado “Os sentidos da precariedades em dois mercados nacionais e trabalho: Brasil e Estados Unidos - uma comparação”, o ensaio, assinado pelos economistas Claudio Dedecca, professor da Unicamp, e Wilson Menezes, docente da Ufba, atenta para o fato de que boa parte das novas oportunidades no país americano está concentrada em grandes redes de supermercado ou de fast food.
Os salários pagos neste setor, caracterizado por uma jornada de trabalho superior a 44 horas por semana, são muito baixos. Os trabalhadores não têm direito a férias, atendimento de saúde e previdência. Nos EUA, as férias pagas não são obrigatórias. O mercado de trabalho brasileiro é mais intenso na regulação da jornada de trabalho, ao impor determinações quanto ao descanso semanal remunerado, hora extra e férias, por exemplo.
“A gente desconfiava que o mercado de trabalho dos EUA teria um perfil desfavorável em termos de grau de proteção social. Mas não ao ponto que se apresentou. E olha que pegamos o melhor indicador possível, que é o acesso à previdência”, afirma Claudio Dedecca, acrescentando que o resultado não indica que o Brasil está “no melhor dos mundos”: “Não estamos dizendo que estamos no céu azul. Reconhecemos todas as nossas dificuldades.
Mas o estudo aponta simplesmente que referência americana não nos cabe”. Em 29 páginas, o documento analisa um universo de 116 milhões de assalariados do setor privado dos Estados Unidos e 55 milhões do Brasil - com e sem acesso à Previdência - e leva em considerações dados oficiais dos países, de 2009.
O universo estudado representa cerca de 70% do número total de trabalhadores dos países. O ensaio está sendo avaliado pela Comunidade Europeia e faz parte de um projeto de pesquisa amplo, que envolve pesquisadores brasileiros, americanos, ingleses e franceses.
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