CERCA DE 10 MULHERES POR DIA SOFREM AGRESSÃO...

FONTE: Silvana Blesa, TRIBUNA DA BAHIA.

Somente neste final de semana a polícia prendeu em flagrante, três homens que haviam agredido suas companheiras. O caso mais grave aconteceu no bairro de IAPI e deixou até a delegada responsável pelo Departamento Especializado de Atendimento a Mulher (Deam), Marilda Marcela da Luz, revoltada.

Anderson Alex Neves de Jesus, de 29 anos, estava com a esposa em sua residência quando começaram a discutir por motivos ainda não revelados. Diante da briga, ele teria se apossado do álcool e tocado fogo na mulher que ainda tentava proteger o filho pequeno. A criança acabou se ferindo, mas sem gravidade.

A vítima teve 70% do corpo queimado e se encontra em tratamento no setor de queimados do Hospital Geral do Estado (HGE). Anderson foi preso em flagrante, mas na Deam, ele contou que estava convivendo com a companheira há 12 anos e que a mesma é muito ciumenta e os dois sempre discutiam por motivos banais.

Ele ainda reforçou que diante da briga que tiveram a própria esposa pegou o álcool e despejou sobre o corpo e ameaçou tocar fogo para lhe incriminar.

“Quando vi que o fogo havia pegado no corpo dela, eu tentei apagar usando as próprias mãos e lençóis. Não é a primeira vez que ela tenta uma situação dessa para me incriminar. Em uma dessas brigas, ela se envenenou para dizer que foi eu quem tentei matá-la. Todos os nossos familiares e amigos sabem que ela é descontrolada”, disse o rapaz.

A delegada Marilda acrescentou que esteve no HGE e conversou com a vítima que ainda disse que no dia da agressão Anderson já acordou dizendo que iria fazer uma coisa muito grave com ela.

“A vítima também contou que o filho pequeno por pouco não foi queimado e que a mãe tentava proteger o menino da agressão do marido”, concluiu a delegada.

TAXISTA EMBRIAGADO AGRIDE A COMPANHEIRA.
Um outro caso resultou na prisão do taxista Romário Alves dos Santos, que depois de ingerir mais de quinze copos de roskas e vinhos, discutiu com a companheira, a costureira Adriana Santos de Jesus, e desferiu socos em seu rosto. Detido na delegacia, o acusado disse que estava em uma festinha na casa de amigos e os dois começaram a beber muito.

“Minha esposa começou a discutir por questões de ciúmes e quando chegamos a nossa casa em Brotas, ela pegou uma faca para me agredir e grudou os dentes no meu braço.

Tive que dar três socos em seu rosto para ela soltar o meu braço. Nunca bati na minha mulher. Tudo foi culpa da bebedeira. Nós dois estávamos bêbados e estou arrependido pelo que fiz”, disse Romário mostrando o local roxo onde havia marcas da mordida da companheira.

A delegada Marilda reforçou que a esposa do acusado estava com o rosto ensanguentado quando foi levada para a delegacia. Conforme a delegada, Romário estava tão bêbado que deu trabalho para ser preso e entrar na viatura. Já no bairro de Roma, na Cidade Baixa, Edson Damasceno Santos Filho, foi detido em flagrante depois de agredir a esposa verbalmente e fisicamente.

Quando os agentes chegaram a sua casa, ele estava em posse de uma faca na qual ameaçava matar a companheira. O rapaz se defendeu das acusações e revelou que estava tratando peixe com a faca quando a sua mulher começou a discutir com ele e jogou um aspirador de pó em sua cara.

CRESCEM CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.
Ontem pela manhã, Sueli Oliveira dos Santos, de 39 anos, foi na Deam pela quarta vez, denunciar as agressões sofridas pelo ex-marido. Ela disse que conviveu com o pedreiro Josemário Pereira de Oliveira, 52 anos, por vinte e três anos, mas há um ano vem sofrendo agressões físicas e verbais.

“Eu não aguento mais e estou correndo risco de vida. Preciso que a polícia prenda ele, para que evite uma tragédia”, disse a mulher revoltada.

Conforme a delegada, os casos de denúncia não param de chegar à delegacia. No ano passado foram contabilizados 3.490 casos de ameaça e 2.654 de lesão corporal.

Esse ano, até o mês de abril, ultrapassa os 800 casos de ameaças e lesão corporal, tendo também o registro de 14 prisões em flagrantes. Em Salvador, estima-se que, por dia, cerca de 10 mulheres sofrem algum tipo de agressão.