FONTE: JULIANA VINES, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Pesquisadores da PUC do Paraná desenvolveram uma técnica para diminuir o risco de rejeição em transplantes de válvulas cardíacas.
Essas cirurgias são necessárias quando há alguma doença que prejudica o bombeamento do sangue, levando à insuficiência do órgão.
Hoje, para corrigir a falha, são usadas peças de metal ou feitas de tecido animal (de porco ou de boi).
Na nova técnica, são implantadas válvulas de doadores humanos mortos, processadas em uma solução que retira as células e deixa apenas fibras de colágeno e fibras elásticas.
Esse enxerto é muito mais seguro e dura mais tempo, diz o cirurgião Francisco Diniz da Costa, da PUC-PR. "Quem coloca uma válvula de metal precisa tomar medicamento anticoagulante pelo resto da vida. Em dez anos, 25% dos pacientes têm alguma complicação."
As próteses de animais perdem a função com o tempo. Isso leva a novas operações.
A técnica já foi aplicada em 200 pacientes da Santa Casa de Curitiba. O acompanhamento de 41 deles, por cinco anos, rendeu um artigo publicado no "Annals of Thoracic Surgery".
No estudo, os autores concluem que os resultados iniciais são promissores, mas que é necessário mais tempo de acompanhamento.
CRIANÇAS.
Algumas doenças que causam problemas nas válvulas cardíacas são febre reumática, artrite reumatoide e malformações congênitas, que afetam crianças.
Algumas doenças que causam problemas nas válvulas cardíacas são febre reumática, artrite reumatoide e malformações congênitas, que afetam crianças.
São elas que mais se beneficiam com os implantes de tecido humano.
"Não tem como usar válvula de metal em criança, e a de animal se calcifica, porque o metabolismo do cálcio em crianças é muito acelerado", afirma Pablo Pomerantzeff, cirurgião cardíaco do Hospital das Clínicas de SP.
Uma válvula implantada em crianças, em geral, dura menos de cinco anos. Já a válvula de tecido humano processado é "repovoada" por células do paciente. Em cinco anos de estudo, nenhuma se calcificou.
O cirurgião cardíaco José Pedro da Silva, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, usa as válvulas do grupo paranaense em crianças.
"Fizemos pelo menos três cirurgias. Com os resultados que temos, já posso dizer que é melhor que as outras alternativas. Precisamos de mais tempo para saber o quanto é melhor."
TECNOLOGIA SERÁ EXPORTADA.
Neste mês, a PUC-PR firmou um acordo com uma empresa inglesa, a Tissue Regenix, que levará a tecnologia de processamento das válvulas humanas para a Europa.
Neste mês, a PUC-PR firmou um acordo com uma empresa inglesa, a Tissue Regenix, que levará a tecnologia de processamento das válvulas humanas para a Europa.
A empresa pretende comercializar a tecnologia em vários países, menos por aqui, onde as válvulas não podem ser vendidas ""só o processamento é cobrado.
O banco de válvulas de Curitiba, que fica na Santa Casa, é o único do Brasil autorizado pelo Ministério da Saúde. O centro recebe corações de 18 Estados do país e distribui as válvulas.
Além das estruturas sem células, o banco também distribui válvulas congeladas.
Por ano, são feitas cerca de 20 mil cirurgias desse tipo no Brasil, segundo o cirurgião Francisco Costa. A maioria usa tecido animal (de porco ou de boi).
Uma parte ainda usa válvulas mecânicas e 3% usa enxertos humanos congelados.
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