FONTE: O Globo, TRIBUNA D BAHIA.
Devo deixar claro no Facebook que estou solteiro? Aceito ou não a amizade de um mero conhecido? E quando termino um namoro, o que faço em relação ao perfil do meu ex? Se relacionar-se no mundo real já tem suas complicações, imagine na maior rede social do mundo, onde a etiqueta de comportamento é elaborada através da vivência diária.
Os usuários vão tateando (no teclado) o quanto querem expor de sua vida. Dentre os mais de 700 milhões de usuários da rede, 60% fazem questão de deixar claro seu status de relacionamento, mostra um infográfico publicado no site Mashable (e que você vê em mais detalhe no final do post). A escolha é fruto da ânsia de compartilhar e de se afirmar para a comunidade virtual, opina João Vitor Gonçalves, que escreve sua tese de mestrado sobre o quanto as relações off-line influenciam a maneira como internautas se comportam no Facebook.
- A amizade é um sentimento que tem códigos facilmente reconhecidos no mundo real. Será que vamos replicar esse modelo no mundo on-line ou criaremos novos códigos? – questiona Gonçalves, que comenta um caso que considera emblemático: - Nas conversas informais que tive com diversos jovens, conheci uma garota cujo maior desejo era poder dizer no Facebook que estava num relacionamento sério. Muitas pessoas sentem essa urgência de mostrar que estão acompanhadas.
No universo dos que definiram seu status de relacionamento em 2010, o número de solteiros (37%) é menor do que o de comprometidos (31% estão casados, 24% estão em um relacionamento e outros 5% estão noivos). Para o professor da FGV, a ironia reside no fato de que muitos dos que recorrem ao Facebook para expor seus relacionamentos e compartilhar ideias e descobertas, na realidade, sentem-se sozinhos. Internautas de 14 a 20 anos, acostumados a ter uma identidade na Internet, são os mais propensos a sentir esta dependência, a ponto de aguardar ansiosamente a repercussão de seus posts.
- Os usuários mais velhos, acima de 35 anos, acham uma exposição desnecessária exibir dados mais pessoais, pois têm a maturidade de saber que aquilo não vai diferenciá-los no seu grupo de amigos. Já os mais jovens sentem que precisam alimentar sua presença online, mantendo uma espécie de simulacro de si mesmos. E sentem-se desprestigiados quando não há retorno – diz Gonçalves.
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