FONTE: *** JOHANNA NUBLAT, ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA (www1.folha.uol.com.br).
Vinte e cinco anos após ter limitado o fumo em ambientes fechados, a Austrália deve se tornar, no final do ano, o primeiro país a tirar as logomarcas dos maços.
A ideia é usar 75% da frente e 90% do verso do pacote para grandes fotos e mensagens de alerta à saúde. A identificação do produto terá uma forma padronizada, em duas pequenas faixas.
No Brasil, que acabou com os fumódromos no fim de 2011, o banimento às logomarcas não está no horizonte.
Em entrevista à Folha, Jane Halton, secretária do Departamento de Saúde e Envelhecimento da Austrália, disse que uma decisão como essa requer engajamento do governo como um todo, incluindo o do presidente do país.
"É muito, muito mais simples adotar uma política como essa se você tiver coerência dentro do seu governo. Se é visto só como uma questão de saúde, é mais difícil de implementar. E você precisa do seu presidente para dizer: 'Sim, isso é importante, é para o bem do nosso povo'. E é por isso que estamos adotando essa política", afirmou.
Segundo Halton, o banimento da marca foi o avanço mais lógico no controle do tabagismo na Austrália. Antes disso, o país já havia proibido fumo em carros transportando crianças, alguns aditivos em cigarros e patrocínios distribuídos pela indústria tabagista, afirma.
Ela acredita que países como o Brasil podem se beneficiar dos estudos que levaram a Austrália a decidir contra as marcas. E que essa opção pode ser um dos passos seguintes adotados no Brasil.
Especialistas ouvidos pela *Folha8 durante a 15ª Conferência Mundial Tabaco ou Saúde, realizada na semana passada em Cingapura, entendem que a adoção desse controverso modelo por mais países depende do sucesso da Austrália nas disputas com a indústria do tabaco.
Em pelo menos duas esferas internacionais, o país será questionado pelo descumprimento de acordos comerciais já estabelecidos. "Vamos enfrentar essa luta", afirma a secretária Halton.
A previsão é que o novo maço de cigarro entre em vigor em dezembro de 2012.
Questionada sobre se esse seria o ponto final da Austrália no controle do tabagismo, a secretária diz que o trabalho não chegou ao fim.
"Nós nos comprometemos a implementar os maços e, também, a enfrentar novas formas de publicidade, principalmente para jovens. Estamos trabalhando nas mídias sociais. E precisamos começar a pensar como ser eficazes na abordagem dos jovens, principalmente meninas. Temos muito a fazer."
*** A repórter JOHANNA NUBLAT viajou a convite da ONG americana Campaign for Tobacco-Free Kids
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