FONTE: Jean-Louis Santini, em Chicago (noticias.uol.com.br).
As uvas, ricas em potássio e antioxidantes, e a soja, em isoflavonas, podem ser armas eficazes para prevenir a hipertensão, importante fator de risco cardiovascular, segundo dois estudos publicados no último domingo (25) durante uma grande conferência de cardiologia nos Estados Unidos.
Os trabalhos foram apresentados na 61ª conferência anual da American College of Cardiology, reunida em Chicago (Illinois, norte), durante o fim de semana.
Com relação às uvas, este é o primeiro estudo controlado cientificamente a confirmar o efeito do consumo cotidiano desta fruta em baixar a pressão arterial de pessoas pré-hipertensivas.
O estudo levou 46 homens e mulheres a medir o consumo de uvas três vezes ao dia, comparando-o com o consumo de biscoitos e outros alimentos que não fossem frutas ou legumes.
Para a soja, os cientistas analisaram amostras de um estudo iniciado em 1985 para analisar o risco de doenças coronarianas nos jovens adultos americanos.
Esta pesquisa, financiada pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) contou com 5.115 americanos brancos e negros de 18 a 30 anos, que os examinou em diferentes intervalos de tempo.
O estudo apresentado neste domingo se concentrou nos efeitos das isoflavonas que a soja contém em grande quantidade e baixam a pressão arterial.
As isoflavonas são substâncias próximas ao estrogênio, hormônio feminino que contribui para a produção de ácido nítrico, conhecido por dilatar os vasos sanguíneos e reduzir a pressão arterial.
As pessoas com pré-hipertensão têm pressão arterial sistólica entre 120 e 139 mm/Hg e diastólica entre 80 e 89 mm/Hg.
Um em cada três americanos adultos se ajusta a esta definição, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Diabetes (CDC) dos Estados Unidos.
"Nosso estudo demonstra que se você pode optar entre comer uvas ou biscoito de chocolate, se sairá melhor se escolher as uvas, pelo menos servirá para reduzir a pressão arterial", declarou o principal autor do estudo, doutor Harold Bays, diretor do Centro de Pesquisas de Louiseville (Kentucky) sobre arteriosclerose e metabolismo.
Os resultados mostram de fato que as pessoas que consumiram uvas tiveram uma clara baixa de pressão sistólica na quarta, oitava e décima segunda semanas (de -4,8% a -7,2% ou de menos 6 a menos 10,2 mm/Mg).
O doutor Bays não identificou como as uvas agem na pressão arterial, mas lembrou que as frutas são muito ricas em potássio e antioxidantes como os polifenóis.
"As uvas são ricas em potássio, conhecido por baixar a pressão arterial", disse este médico, cuja pesquisa foi financiada por uma organização que incentiva o consumo desta fruta e é subvencionada por produtores californianos da mesma.
Ele destacou que é necessário fazer testes clínicos mais aprofundados para confirmar seus resultados.
No grupo de estudo sobre as isoflavonas, aqueles que consumiram mais quantidade desta substância diariamente (mais de 2,5 miligramas) tiveram uma pressão arterial sistólica claramente mais baixa (-5,5 mm/Mg, em média) do que os indivíduos que ingeriram menos de 0,33mg.
Basta tomar um copo de leite de soja, que contém 22 mg de isoflavonas, explicou Safiya Richardson, principal autora deste estudo e que está concluindo o doutorado em medicina da Universidade de Columbia (Nova York).
Esta pesquisa também demonstrou que os afroamericanos, grupo étnico com forte tendência à hipertensão, eram beneficiados pelos efeitos das isoflavonas, disse Richardson.
De acordo com a cientista, este estudo facilitaria os testes clínicos para provar cientificamente a ação das isoflavonas na pressão arterial.
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