FONTE: Daniela Pereira, TRIBUNA DA BAHIA.
De acordo com levantamento feito pela Folha de São Paulo, a cada 32 horas um policial é assassinado no Brasil. No total foram contabilizados pelas secretarias estaduais de Segurança Pública cerca de 229 policiais militares e civis assassinados este ano, sendo que 183 (79%) estavam de folga. Ainda de acordo com a pesquisa, este número pode ser maior uma vez que Rio de Janeiro e Distrito Federal não informaram a causa da morte dos policiais fora do horário de serviço.
O assassinato de 16 policiais militares e civis somente este ano no estado projeta a Bahia em segundo lugar no ranking nacional, junto ao Pará, perdendo apenas para São Paulo, que acumula quase a metade das ocorrências, com 98 policiais mortos, sendo 88 PMs.
Recém-eleito o quarto vereador mais votado da cidade, o ex-diretor da Associação Nacional de Praças, Marco Prisco, atribui a estatística à falência da segurança pública.
“Se os policiais não têm segurança, imagina a população. Estes números não são surpresa para ninguém, há cinco anos a Bahia está nessa posição. Inclusive, ano passado, ela superou São Paulo e liderou o ranking. Este problema não deve ser apenas do policial e sim de toda a sociedade. É preciso combater o crime com seriedade”, disse o vereador.
Já o diretor do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindipoc), Marcos Maurício, declarou que os dados são alarmantes, porém não acredita que a Bahia esteja nesta situação.
“Há estados com números maiores. Em outros locais os crimes são direcionados aos policiais, aqui geralmente eles são mortos em assaltos ou mesmo durante o serviço. Não podemos comparar a violência de São Paulo, Rio de Janeiro com a Bahia”, afirmou.
Discussões à parte, os policiais seguem divididos entre o amor à farda e o risco da profissão. Soldado há três anos, um policial militar que atua em um bairro periférico de Salvador conta que a profissão é escondida até do filho de três anos.
“Moro perto da companhia que trabalho. É um bairro considerado de alta periculosidade, portanto tenho medo de fazerem algo comigo ou com minha família. Amo minha profissão, mas infelizmente tenho que escondê-la. Para os bandidos, o policial é visto como presa fácil”, afirmou.
Casos em Salvador.
Qualquer identificação do trabalho exercido pode ser fatal para um policial no momento de um assalto. Casos de policiais assassinados durante assalto, saidinha bancária ou até mesmo execução direta assustam a população e quem pretende ingressar na carreira.
No último sábado, um PM foi morto durante tentativa de assalto a ônibus no bairro de São Cristóvão. Ao perceber o assalto, a vítima, que não estava fardada, levantou os braços sem emitir reação, mas foi baleada no pescoço.
Uma semana antes, outro PM foi assassinado na Avenida Princesa Isabel, em Ilhéus. O crime ocorreu perto de um supermercado do local. A vítima foi abordada por dois homens armados e, após reação foi assassinado. A polícia investiga se o crime foi motivado por uma tentativa de assalto ou execução.
Em maio deste ano, outro soldado foi morto quando abastecia o carro em Campinas de Pirajá, após ser abordado por três homens.
Em nota, a Polícia Militar informa que o veículo do soldado foi encontrado logo depois da ação dos suspeitos no bairro do Alto do Cabrito, no subúrbio. O PM morto tinha 30 anos e fazia parte da corporação há quatro anos. Atualmente ele trabalhava no Comando de Policiamento Regional da Capital Atlântico (CPRC-A).
Em nota enviada à Tribuna, a assessoria de comunicação da Polícia Militar salienta que “com relação ao número de policiais militares mortos em serviço ou em folga, salientamos que não existe um parâmetro nacional entre as polícias que estabeleça critérios comuns para mensuração do quantitativo de policiais militares vítimas fatais”.
Esclareceu também que são contabilizados todos os casos de homicídio e latrocínio que tenham como vítimas os policiais militares, seja da reserva ou da ativa. Segundo levantamento da PM, em 2010 foram 24 policiais militares mortos; em 2011, foram 30, e este ano, 16 PM’s, apontando para uma redução de quase 50% com relação ao ano anterior.
As ações implementadas pelo governo do Estado e o comando da Instituição, segundo a Ascom/BA, objetivam a diminuição destes números, proporcionando ao policial militar melhores oportunidades de aquisição da casa própria, em locais que proporcionem convivência entre colegas e, consequentemente, mais segurança.
Outro ponto salientado foi o incremento de novos postos de serviço, para que o policial militar, em horários de folga, através da remuneração extra, possa complementar a sua renda de forma segura e legal, proporcionando mais segurança à população e afastando-o do chamado “bico”.
Ainda segundo a assessoria e comunicação, a PM também, através de cursos de capacitação, tem investido no aprimoramento técnico do policial militar, inclusive, estendendo estes ensinamentos da vivência operacional para os cuidados que todo policial deve ter na sua vida social nos momentos de folga.
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