Há situações sobre as quais não é preciso muito esforço ou inteligência para compreender as motivações que as sustentam como, por exemplo, muitos discursos políticos emocionados. Temas como a pobreza, fome, desemprego e analfabetismo são os preferidos dos aspirantes ao parlamento uma vez que acertam em cheio os temores da sociedade.
Verdadeiras chagas deixadas por sucessivas administrações públicas que se beneficiaram e beneficiam deste estado de coisas, cada dia mais são usadas para justificar a péssima e cruel distribuição de renda em nosso país.
Na dialética política, mexer nas feridas da sociedade dá voto, melhora a imagem do candidato, tornando-o mais sensível, mais próximo da realidade do povo, bem intencionado, enfim, merecedor daquele voto de confiança que tanto buscamos alguém para dar.
Golpe muito antigo, mas extremamente eficaz até os dias de hoje, ainda é imbatível na eleição e reeleição de corruptos, boçais e fracassados.
É na obrigatoriedade do voto e no repeteco de candidatos que nos tornamos nossos próprios algozes, pois que ninguém duvide, embora não aceite ou goste, que sobre este caos total temos uma enorme parcela de culpa e cumplicidade.
Permitimos o tempo todo que estes indivíduos usem os recursos que nos pertencem; TV, rádio, Internet para subverterem nossa boa-fé já que não vamos às ruas, não cotizamos esforços e nunca cobramos nossos direitos.
Sentindo-se livres, manipulam tudo; nossas preocupações, expectativas, crenças e, principalmente, nosso anseio por soluções para os problemas em que vive o País. Tudo isso pelos interesses mesquinhos de sempre; aumento dos próprios salários, contratação (ainda que fantasma) de parentes, imunidade perante a lei e pouquíssimas horas de dedicação ao trabalho.
O que mais ouvimos é político discutir liberação de orçamento, de verba, de licitação, para fazer obras que vão do nada a lugar algum custando três, quatro vezes mais do que o custo real; hospitais que não passam de obras inacabadas e inauguradas para esconder desvio de dinheiro, programas contra miséria, fome e analfabetismo que sequer saem do papel.
Para estes seres de mentes tão brilhantes, o dinheiro é o cerne de tudo, embora falte para o que é importante ao povo: saúde, educação, segurança, desenvolvimento industrial, cultural sem contar, para os cuidados com os portadores de deficiência física e mental, os idosos e os órfãos.
Isto porque pagamos a mais alta carga de impostos do mundo, mas que, infelizmente, só é capaz de pagar viagens ao exterior para membros do governo e suas comitivas, compra de aeronave presidencial, pagamentos de gastos milionários de cartões de créditos de funcionários do alto escalão, troca de móveis, objetos de decoração, equipamentos dos gabinetes etc.
Disso tudo, você, eu e o resto do Brasil já sabemos. Então, está definitivamente na hora de fazermos alguma coisa com esse conhecimento todo. É hora de fazermos uma desintoxicação mental política, tirando de nossas vidas todo candidato que não apresente um histórico moral que o habilite a nos representar, que não comprove uma trajetória de competência profissional para trabalhar para nós e que não apresente propostas reais, passíveis de serem postas em prática no decorrer de um mandato.
Temos que “espremê-los” de tal maneira, que a passagem de um camelo pelo buraco da agulha será mais fácil que um indivíduo desses se eleger ou reeleger-se. Revigorados, de alma lavada e cabeça erguida, entraremos para os anais da história como o povo que resgatou a sua dignidade, desempregando o maior número de corruptos de que já se ouviu falar.
E viva a democracia!
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