segunda-feira, 13 de junho de 2011

TRANSTORNO BIPOLAR ATINGE HOMENS E MULHERES E EXIGE TRATAMENTO PARA TODA A VIDA...


FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.



O psicólogo e professor Clenilson Costa lembra que o Transtorno Bipolar não é fácil de ser diagnosticado.


Quando a administradora de empresas Carolina Miranda* conheceu o analista de petróleo Miguel Castro*, teve a certeza de estar diante de um príncipe daqueles de contos de fadas. Generoso, divertido, bom amante e sempre interessado em manter a atividade sexual, ele era a companhia ideal para qualquer situação.


No entanto, oito meses depois, quando a relação estava engrenada e a data do casamento marcada, o príncipe virou sapo. A figura alegre cedeu lugar a uma pessoa introspectiva, rabujenta, detalhista, que implicava com tudo: amigos, roupa, escolha de móveis e eletrodomésticos.


“Pensei em pôr fim a tudo, mas havia muito em jogo e o suporte familiar me ajudou a ver que ele precisava de tratamento”, diz a administradora, que descobriu que o futuro marido sofria com uma doença mental chamada Transtorno do Humor Bipolar, que já foi chamada de Psicose Maníaco-Depressiva ou Transtorno Afetivo Bipolar.


De acordo com o psiquiatra e pesquisador do Programa de Saúde Mental da Mulher da Universidade Federal de Pernambuco, Amaury Cantilino, enquanto numa pessoa dita normal, o humor será uma reação aos acontecimentos, no bipolar o humor foge do controle da própria pessoa. “É como se o regulador da alegria e da tristeza ou da depressão e da mania estivesse quebrado”, explica o psiquiatra.


Ele lembra que nos momentos de depressão, a pessoa se mostra desinteressada no parceiro e em diversas atividades, com a libido diminuída. Na fase da mania, no entanto, há uma desinibição sexual grande, um descontrole no consumo e nas formas de encontrar prazer, além de sonhos de grandeza. Diante desse quadro, é natural que uma relação onde um ou dois dos parceiros tenham o transtorno resulte no mais absoluto fracasso.


PACIÊNCIA.

O psicólogo e professor Clenilson Costa lembra que o Transtorno Bipolar não é fácil de ser diagnosticado. Isso porque a doença se apresenta de formas variadas, da mais branda à mais grave, quando o paciente chega a delirar. “Além disso, o portador pode viver momentos de equilíbrio entre uma fase e outra”, explica Costa.


Ele destaca que quando feito por profissionais pouco experientes ou qualificados, o bipolar pode ser tratado como esquizofrênico ou depressivo, fato que torna os períodos de mania ainda mais perigosos. Para que o problema não se agrave, é fundamental a participação do parceiro e da família, uma vez que raramente o bipolar se dá conta que tem problemas.


“O parceiro precisa exercitar sua paciência ao extremo e não esquecer de dar limites ao ser amado, pois o transtorno solapa as relações até que o humor daquele paciente volte a ser estabilizado”, completa.


Embora atualmente não tenha cura, o Transtorno de Humor Bipolar pode ser controlado, assegurando que o portador e seu parceiro tenham qualidade de vida e de relação. As terapias atuais são feitas com a junção de medicações estabilizadoras do humor, como o Lítio, e a junção de tratamento psicoterápico, a exemplo da cognitiva comportamental.


(* Nomes fictícios para preservar as fontes).

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