sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SUPLEMENTO PROÍBIDO É FEBRE NA CIDADE...

FONTE: Amanda Mota, TRIBUNA DA BAHIA.


Nas academias de ginástica um assunto vem ganhando destaque: o idolatrado suplemento alimentar Jack3d. Fabricado nos Estados Unidos e proibido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o suplemento, usado como estimulante, é a mais nova mania entre os malhadores.

Mas, segundo os especialistas, o problema é que o Jack3d apresenta em sua composição as substâncias Dibenzo, utilizada em tratamentos de ansiedade, e o Schizandrola, utilizado no tratamento de transtornos de comportamento, ansiedade e depressão. Além dessas substâncias, o Jack3d não é autorizado e registrado pela Anvisa e também apresenta riscos à saúde, que vão desde desmaios, mal-estar e euforia a taquicardia e até morte.

A venda deste suplemento tem sido grande no mercado informal e segundo os frequentadores de academias, a propaganda é feita de boca a boca e pela internet e garante ao “atleta” proporcionar um grande nível de energia para o treino, força, ânimo, melhoria no foco e perspectiva de ganhos musculares, assim como afirma o profissional liberal Marcel Xavier, que adquire mensalmente o suplemento pela internet.

“Comecei a tomar o Jack3d três meses após começar a malhar. Estava meio desestimulado e por isso busquei algo que me desse estímulo para praticar a atividade física. Após tomá-lo, realmente ganhei um gás muito forte e mantive o foco no treino. Só não posso negar que tive efeitos colaterais como a insônia e aceleração no batimento cardíaco, o que me traz certa insegurança”, disse.

Muitos são os esportistas que arriscam a saúde assim como Xavier, e, de acordo com a médica e nutróloga Junaura Barretto, a utilização do suplemento alimentar para prática esportiva gera muitas controvérsias, especialmente por serem prescritos por leigos, na maioria das vezes, e sem o conhecimento adequado da composição e ação do produto.

“Nos preocupa muito o consumo excessivo desses suplementos por adolescentes, que além de consumir, comercializam esses produtos em academias de ginástica. Os frequentadores das academias diferem dos atletas, que possuem um treino com objetivos específicos e programados e necessitam por vezes da suplementação para garantir a performance em provas específicas.

Os frequentadores de academias necessitam de orientação alimentar, que deve ser realizada por profissional da área, levando-se em consideração o objetivo da atividade física”, alerta.

Junaura orienta que os usuários de suplementos devem estar atentos se o produto escolhido possui o registro da Anvisa, pois este órgão é responsável por assegurar a venda e utilização dos produtos, a fim de garantir a qualidade sanitária e a segurança para a saúde, evitando, por exemplo, que tais suplementos alimentares contenham substâncias não mencionadas em seus rótulos, como alguns hormônios anabolizantes.

“Esses tipos de suplementos podem causar lesões hepáticas (fígado) e renais, impotência sexual, diminuição dos testículos, queda de cabelo, inibição do organismo na produção de testosterona e ginecomastia (aumento da mama masculina). O consumo excessivo de proteínas e vitaminas causa sobrecarga hepática (fígado) e renal (rins)”, destaca.

Visando a melhor saúde para seus alunos, o praticante de esportes e personal trainer Marcelo Simões, prefere seguir a risca as orientações de uma nutricionista desportiva. O personal afirma lidar diariamente com consumidores de suplementos e garante que quando um aluno seu sente o desejo de tomar suplementos, prefere encaminhá-lo a um nutricionista a indicá-lo “cegamente” o uso do mesmo.

“É interessante que o praticante de atividade física seja avaliado por um profissional da área de nutrição para que a prescrição de suplementos, se necessário, seja compatível com o objetivo e necessidade do aluno, além de evitar excesso para o organismo, otimizando os resultados almejados, pois é comum alunos por conta própria fazerem uso de vários suplementos ao mesmo tempo e às vezes com as mesmas substâncias”, afirma.

Em virtude dos eventuais acontecimentos e uso descontrolado dos suplementos não autorizados e registrados pela Anvisa, assim como a morte do jovem de 18 anos Wilsinho Sampaio, que há quatro meses foi encontrado no banheiro de sua residência, logo após fazer uso indevido do Jack3d, no estado de Pernambuco, a equipe desta Tribuna entrou em contato com a assessoria de comunicação da Anvisa Federal, que logo se encarregou de esclarecer que o Jack3d é um produto sem autorização para a comercialização no Brasil, já que o mesmo possui algumas substâncias que não pode ser utilizada em alimentos aqui no país.

“No Brasil não existe a categoria que existe nos EUA de suplemento alimentar. Existe regulamentado no Brasil, alimento para atletas e suplementos de vitaminas e minerais.

Este regulamento apresenta uma série de características de substancias que podem ser utilizado nesses alimentos. Então ele tem que seguir o critério técnico, e, o Jack3d, pelo que nós temos conhecimento, contêm substâncias que não são permitidas por esse regulamento e por isso não são reconhecidos e autorizados para a venda. Portanto, este suplemento precisa ser evitado como consumo, pois não sabemos os males que pode trazer a saúde da pessoa”, informou o órgão.

PRODUTOS AUTORIZADOS.
A SNC Suplementos, loja de suplementos de referência da cidade do Salvador, garante que no local são vendidos apenas produtos legalmente autorizados pela Anvisa.

“Nós só trabalhamos com os produtos devidamente registrados, em virtude primeiramente do cumprimento da lei, pela própria seguridade da empresa e também pela segurança do consumidor, porque o grande problema desses produtos ilegais é que faltam estudos que comprovem a eficácia e segurança de uso dessas substâncias, não trazendo segurança ao consumidor, portanto uma coisa que não traz segurança no uso, não podemos considerar algo como saudável.

É o caso do Jack3d, pois ele, especificamente, tem algumas substâncias que são consideradas proibidas, são substâncias que foram descobertas recentemente, ainda não há estudos que tragam a seguridade desse suplemento e por isso, sem a autorização da Anvisa nós optamos por não trabalhar com esse tipo de produto decorrente do perigo que ele pode trazer a saúde do consumidor", destacou.

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