FONTE: Catiane Magalhães, TRIBUNA DA BAHIA.
Os números a seguir revelam dois Brasis distintos. Enquanto cerca de 17 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza sem ter o que comer, outros tantos compatriotas são declaradamente obesos. O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela uma realidade assustadora: a fome e a obesidade são doenças paradoxais que crescem na mesma proporção.
Estima-se que um terço da população brasileira em idade escolar é mal nutrida. Em contrapartida, o IBGE constatou que 34,8% das crianças de 5 a 9 anos estão acima do peso. Os dados, além de revelar a desigualdade social que assola o país, chamam atenção para a mudança radical dos hábitos alimentares dos brasileiros que têm acesso à comida.
Para a endocrinologista Márcia Tavares, a estatística demonstra situações extremas, porém igualmente preocupantes: de um lado da balança, a privação total de alimentos; do outro, a preferência por comidas hipercalóricas e ricas em sódio e conservantes, como os enlatados e embutidos (alimentos à base de carne, principalmente suína, e com alta concentração de gordura saturada, sal, açúcares, nitratos e nitritos, especiarias, conservantes e tripas, a exemplo de linguiças, salame e bacon).
“É claro que o principal agente motivador é a questão social. Ninguém passa fome por opção, mas por falta de condição mesmo, e isso é muito triste! Do mesmo modo, ninguém é gordo porque quer, pois o mundo é extremamente cruel e ditador da magreza. Contudo, a correria dos tempos modernos impôs novos hábitos alimentares à população, que está cada vez mais sedentária e comendo mal, em se tratando da qualidade e distribuição do alimento. Cuidar da obesidade é tão importante quanto erradicar a fome, pois é uma questão de saúde, de vida”, avaliou.
Prova disso é que o governo Federal lançou, em março deste ano, uma forte campanha para combater a obesidade entre crianças e adolescentes. O alvo da campanha são os cinco milhões de alunos das escolas públicas a quem serão dados cursos sobre nutrição e alimentação saudável.
O Ministério da Saúde, ao anunciar a iniciativa, explicou que quanto mais cedo o excesso de peso se instalar, mais grave e difícil serão suas consequências e seu tratamento.
Por isso, o combate à obesidade infanto juvenil é importante para evitar que o indivíduo não se torne um adulto obeso.
De acordo com a nutricionista Cristina Passos, os hábitos alimentares contribuem para o excesso de peso, mas questões hormonais também são determinantes. Outro fator que pode interferir é a genética.
Se os pais são magros, a probabilidade de o filho ter excesso de peso fica entre 10% a 15%. Mas se a mãe ou pai é obeso, o risco sobe para 50%. E se ambos são obesos, a probabilidade é de 80%. Os dados são do livro “Nova Dieta de Pontos para Crianças e Adolescentes”, escrito pelo endocrinologista Alfredo Halpern, com a ajuda de duas nutricionistas, Mônica Beyruti e Ana Paola Monegaglia Vidigal.
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