FONTE: Rivânia Nascimento, TRIBUNA DA BAHIA.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dois minutos, uma mulher morre de câncer do colo do útero no mundo. E para o surgimento desse tipo de câncer, é necessário que a paciente tenha sido infectada pelo papiloma vírus humano, o famigerado HPV.
Sim, ele é o vilão da história. Um vilão potente, silencioso e que nos últimos anos vem tendo maior prevalência em jovens de 16 e 17 anos. Especialistas afirmam que após cinco anos do início da atividade sexual 40% das adolescentes já apresentam uma lesão causado pelo HPV dos tipos mais perigosos do vírus.
Segundo a ginecologista Nilma Antas Neves, professora e doutora em Imunologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), hoje, há maior prevalência de alterações citopatológicas e lesões no colo do útero em mulheres mais jovens porque a atividade sexual se inicia mais precocemente e com parceiros diferentes. Ela explica ainda que como o colo do útero ainda está em formação, as meninas adolescentes podem ter o sistema imunológico mais frágil. “Na adolescência, a parte do colo do útero onde aparece a maioria das lesões causadas por HPV está mais exposta.Além disso, as defesas do corpo estão fracas, o vírus encontra o organismo perfeito para vítima”, explicou a especialista.
O HPV é um vírus transmitido através das relações sexuais podendo evoluir até o câncer uterino. Os riscos de contaminação acontece logo após o primeiro ato sexual. “Por isso é que nos preocupamos em orientar as meninas tomarem a vacina antes de iniciar atividade sexual por vota dos anos 11 anos de idade”, alerta a ginecologista. Como a vacina contra HPV oncogênico protege contra mais de um tipo de HPV, a proteção contra outros tipos não envolvidos na primeira infecção poderá beneficiar estas mulheres.
Existem mais de 40 tipos de HPVs que compromete o genital feminino. Destes, 15 podem levar ao câncer uterino. Segundo Antas, os mais agressivos são os HPVs 16, 18 que juntos, são responsáveis por mais de 80% dos casos de câncer do colo uterino. Ela explica também que o vírus é silencioso não apresenta sintomas visíveis como corrimento ou dores. Por conta disso, muitas lesões no útero, provocadas por ele, podem evoluir para um câncer. A forma de identificar o HPV, tipo e grau do vírus é através do exame papanicolau (preventivo).
Tratamento - De acordo com a ginecologista, não há tratamento específico para o vírus, mas para a lesão causada por ele que pode evoluir para o câncer uterino quando não tratada adequadamente. O tratamento diferencia-se a depender do grau da lesão.
Nos casos mais simples da doença classificada como grau 1, o tratamento é realizado por meio de Eletrocauterização que é uma queimagem da área que está alterada no colo do útero. Já os graus 2 ou 3 (tipos mais graves) é utilizado o método de Conização do colo do útero ou biópsia em cone. Neste procedimento é retirado aproximadamente 2 centímetros do tecido afetado para análise. E para esta intervenção é necessária a aplicação de uma anestesia local que pode ser feita com bisturi ou com leep. Como ainda não há cura para o vírus, em algumas mulheres ele fica latente, adormecido no genital, podendo reaparecer em algum momento em que a paciente esteja com a imunidade baixa.
Dados - Na Bahia, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a taxa de mortalidade bruta por câncer do colo do útero, por 100 mil mulheres baianas, nos últimos 30 anos, vem aumentando. Nos anos 80, a taxa média era de 2,67 mortes por 100 mil. Na década de 90, o número saltou para 2,75. Nos anos 2000, subiu para 3,71. Para 2012, a estimativa é de que 240 mulheres sejam diagnosticadas com este tipo de câncer em Salvador. Em todo o estado, a estimativa é de que surjam 1.030 novos casos.
Apesar dos números assustadores, a ginecologista esclarece que mulheres tratadas podem levar uma vida normal sem maiores danos. “ A grande maioria das pacientes eliminam espontaneamente o vírus do organismo depois do tratamento. O recomendado é prevenir a doença com exames periódicos e uso de preservativo durante as relações sexuais. Outra medida de combate ao HPV é a vacina que tem sido eficaz em até 70% dos casos de prevenção do câncer, alerta a especialista.
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