FONTE: , em Londres (noticias.uol.com.br).
Uma equipe internacional de cientistas conseguiu substituir um DNA mitocondrial defeituoso por outro saudável em óvulos humanos, um avanço que pode ajudar a evitar a aparição de doenças genéticas de herança materna.
O trabalho, publicado na quarta-feira (24) pela revista científica Nature, é obra de uma equipe da Universidade de Oregon (Estados Unidos), liderada pelo cientista japonês Masahito Tachibana.
Os especialistas conseguiram substituir o DNA mitocondrial defeituoso pelo genoma mitocondrial livre de mutações danosas de um doador e obtiveram assim um óvulo capaz de produzir com normalidade blastócitos - embriões de até cinco dias de vida - e células-tronco embrionárias.
O bebê que nascesse deste óvulo teria todos os traços genéticos de sua mãe biológica, mas levaria o genoma mitocondrial da doadora e estaria livre das doenças que, de outro modo, lhe teria transmitido sua progenitora, segundo explicou o pesquisador Shoukhrat Mitalipov em entrevista coletiva.
Este DNA mitocondrial, localizado fora do núcleo das células, é herdado sempre por via materna e é o responsável pela transmissão de doenças genéticas incuráveis que afetam especialmente os órgãos e tecidos com maiores necessidades energéticas, como o cérebro, o coração, o pâncreas e os rins.
Entre elas destaca-se a síndrome Melas, um transtorno degenerativo que causa episódios similares a apoplexias; a síndrome MERF, que provoca ataques epilépticos e atrofia muscular, e a atrofia óptica de Leber, que causa a perda quase completa da visão.
Nos Estados Unidos nascem a cada ano até quatro mil crianças com uma doença mitocondrial, para as quais só existem tratamentos que aliviam os sintomas e atrasam sua aparição.
Anteriormente ao experimento com óvulos humanos, a equipe da Universidade de Oregon conseguiu aplicar sua técnica com sucesso em óvulos de macacos que posteriormente fertilizaram, o que desembocou no nascimento de quatro crianças saudáveis, detalhou o cientista.
O trabalho publicado representa o primeiro passo de uma pesquisa que, em humanos, poderia traduzir-se em um tratamento genético que evite a aparição de doenças de herança materna, embora ainda precise superar os testes clínicos, ressaltou Mitalipov.
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