sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

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FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

Peguei ontem um jornal, a Folha de S. Paulo, para dar uma olhada e logo na primeira página estavam três notícias notoriamente ruins. Todas três dando conta de decisões ou ações do governo federal. Não fosse o jornal um veículo de comunicação independente, talvez alguém pudesse pensar que se tratava de um boletim noticioso da oposição. No entanto, tudo estava jornalisticamente correto. E as três notícias mereciam realmente primeira página.
Uma delas era a manchete principal do jornal. “Governo concede passaporte especial para filhos de Lula”. No dia 29 de dezembro, quando faltavam só dois dias para Lula deixar o cargo de presidente, o Ministério das Relações Exteriores concedeu “passaportes diplomáticos irregulares” a dois filhos do então presidente. Esse documento dá direito a privilégios ao entrar em países com que o Brasil tem relação diplomática.
As normas do Itamaraty estabelecem que dependentes de autoridades podem receber esse documento somente se menores de 21 anos ou se forem portadores de deficiência. Luís Cláudio Lula da Silva tem 25 anos e Marcos Cláudio Lula da Silva tem 29. Ambos são saudáveis. O então ministro Celso Amorim, para justificar a decisão, usou um parágrafo legal que lhe dá o poder de autorizar a expedição desse tipo de passaporte “em função de interesse do país”. O jornal diz que “para o ministério, não houve irregularidade”. Então, tá.
Outra notícia, também com destaque na primeira página, deu conta de que, para o ano base 2011, a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física não será corrigida. Desde 2007, a tabela vinha sendo corrigida pela meta de inflação, de 4,5 por cento. Segundo cálculo dos auditores fiscais, a defasagem acumulada desde 1995 na correção da tabela deve superar agora os 70 por cento. O jornal traz reportagem ampla sobre o assunto, mas tudo pode ser resumido numa constatação – os contribuintes, que desde 1995 vêm sendo garfados pelo Leão, vão ser mais garfados ainda.
A terceira notícia, igualmente com destaque na primeira página e que tomou também quase toda a capa de um dos cadernos do jornal, em reportagem de Cláudia Collucci, dá conta de portarias do Ministério da Saúde, publicadas “às vésperas do Natal”, que reduzem de 9 por cento a 22 por cento o valor pago pelo governo no tratamento quimioterápico de pacientes do SUS com linfoma e leucemia mielóide crônica. Um dos tratamentos afetados é o do linfoma difuso de grandes células B, que atingiu a presidente Dilma Rousseff há pouco menos de dois anos.
O governo diz que baixou o valor do pagamento feito pelo SUS porque os preços dos medicamentos baixaram. Médicos e hospitais replicam que agora só cabe no preço pago um dos remédios usados no tratamento, o rituximab. Outras quatro substâncias que fazem parte do esquema de tratamento quimioterápico ficaram sem cobertura financeira. “O valor também não paga exames, remédio para não vomitar, soro. Agora, ou o doente não será tratado ou será subtratado, vai receber uma dose de remédio menor do que precisa”, diz Cármino de Souza, professor da Unicamp e presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
No dia 1º deste mês, a presidente Dilma Rousseff disse em discurso de seu propósito de fazer do SUS – que, segundo Lula, já é “um sistema de saúde quase perfeito” – um sistema de saúde que atenda integralmente às necessidades da população.Parece que já tem por onde começar, revogando as tais porcarias, perdão, portarias.P

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