terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A MISÉRIA E OS MISERÁVEIS...

Tantas são as coisas que nos fazem miseráveis.

Vejam o caso do Ronaldinho Gaúcho com Grêmio, Palmeiras e Flamengo; regado a Assis Moreira, seu irmão e empresário. Sim, são tantas as misérias e tantos valores para recuperar.
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A palavra fora empenhada, segundo a mídia, com todos os clubes, e isso, simultaneamente. Eu mesmo ouvi esta afirmativa pela boca dos dirigentes de Grêmio e Palmeiras. Fio de bigode? Esqueçam! Coisa dos miseráveis de espírito.
Por outra, na semana passada, abriu-se a polêmica sobre os passaportes diplomáticos dados à família do Lula. Ostentaram-se manchetes nos grandes jornais do País e a OAB resolveu, pela boca do seu Presidente nacional, ameaçar com ação judicial a "tropelia" do Itamaraty.
Lembrai de uma certa reportagem, publicada no centro do País, sobre a portentosa churrasqueira que o Presidente da República usaria nas suas férias. Trataram como o suprassumo da mordomia presidencial; de qual miséria falamos? A do bucho ou a do caráter?
Qual nos atordoa?
Bem que a OAB poderia questionar a inconstitucionalidade do "reajuste salarial" dado pelo Congresso rasgando o princípio constitucional da publicidade; mas não, isso seria uma disputa real, não só com os deputados e senadores, também o seria com o judiciário. Qual a miséria? A do espírito ou a do bucho?
Não defendo a concessão de passaportes para os "Lula da Silva" e nem quero que o Ronaldinho jogue no Brasil ou no Grêmio. Só não acho normal o escracho da palavra descumprida e os factóides esvaídos na ocasião.
Quem sabe uma campanha nacional em favor da extirpação da miséria de espírito? A mediocridade deveria perder espaço na nossa cultura e deveríamos nos indignar com as "ridiculisses" da sociedade civil e dos agentes do Estado. São bobagens ditas e publicadas todos os dias; dizem e está dito, e as consequências? Dizem, e deixa prá lá!
A oposição, pela pena do tucanato, resolve agir no STF no caso Batisti, como se o legitimado processual não fosse o governo italiano; a situação, pelo PMDB, quer cargos até no Big Brother Brasil, e o PT, ingênuo, indigna-se e esperneia. De que misérias falamos mesmo? Dos políticos gozando com manchetes de jornal?
Presidenta, terminar com a miséria é correto, todavia, insuficiente. Deveria a Senhora lidar não só com a miséria que mata de fome; a miséria de espírito é muito mais danosa que a miséria do bucho, pois, a pior morte ainda é a que não mata o corpo, mas a que aniquila a honra e os mais rasos sentimentos de justiça.
*** Ricardo Giuliani Neto é advogado em Porto Alegre, mestre e doutor em direito e professor de Teoria Geral do Direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Sócio proprietário do Variani, Giuliani e Advogados Associados e autor dos livros "O devido processo e o direito devido: Estado, processo e Constituição" (Editora Veraz), "Imaginário, Poder e Estado - Reflexões sobre o Sujeito, a Política e a Esfera Pública" e "Pedaços de Reflexão Pública – Andanças pelo torto do Direito e da Política" (ambos da Editora Verbo Jurídico).

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