quarta-feira, 1 de junho de 2011

TELEVISÃO, O NOVO MITO DA CAVERNA...

Tomando como referência a nossa vida cotidiana, estabelecemos uma comparação simples: da TV com o Mito da Caverna, da principal obra de Platão, a República.


Esse filósofo viveu entre os anos 427 a 347 a.C. e, mesmo estando tão distante no tempo, ele nos alerta ainda hoje para os riscos da alienação.


Segundo o mito descrito, homens, acorrentados no interior de uma caverna, só conseguiam enxergar as sombras projetadas na parede dos fundos, as quais eram apenas reflexos dos movimentos que ocorriam no mundo exterior.


Como eles estavam sempre na mesma posição, acreditavam que aquelas eram as únicas formas de realidade existentes. Quando, por algum motivo, um dos homens saiu da caverna, primeiro ficou ofuscado pelo excesso de luz.


Depois de seus olhos se acostumarem à claridade, ficou ofuscado com a beleza da realidade. Quando se acostumou a esse novo mundo, que ele jamais ousara imaginar, teve o ímpeto de voltar à caverna para contar a seus amigos o que havia visto.


Mas eles não acreditaram, irritaram-se com sua insistência e terminaram por matá-lo, esquecendo-se completamente dele. Ao refletirmos sobre a TV como o atual mito da caverna, entendemos que essa metáfora transforma a televisão na nossa caverna pós-moderna, retrato da cegueira intelectual que nos invade.


Cada vez mais os telespectadores são induzidos a não pensarem, a tornarem-se alienados sociais. Invertendo o mito, a TV, a nossa caverna, tornou-se o confortável lugar de relaxar. Pela tela da TV tudo é mais fácil. Vemos e pensamos por meio dela.


Mais ainda, duvidamos que existam outras possibilidades, outras realidades possíveis, tal como no antigo mito grego. Acomodamo-nos a essa vida de constante conforto e de passividade intelectual.


Às vezes, surge alguma discussão acalorada sobre um capítulo de novela ou uma notícia da hora, melhor ainda, de algum episódio de um reality show que mostra exatamente como são as pessoas sem nenhum disfarce.


A vida como ela realmente é. Melhores ainda são os programas de auditório. Animados e realistas. O futebol, então, é momento ímpar de deleite, de puro prazer. As propagandas, que maravilha! Dão vontade de comprar tudo. Parecem bastante lógicas. Comprar e consumir é a verdadeira felicidade.


À custa da alienação intelectual da população, toda essa falsa realidade embota o senso crítico cada vez mais. Como no mito, o retorno à caverna motiva o telespectador a “curtir” o seu espaço favorito.


Sair da caverna implica ver a dura realidade em cores reais, pois as pessoas estão acostumadas apenas a ver e a pensar o mundo via TV.


Não formam opiniões críticas, estão no comodismo e na facilidade, no happy end dos filmes e das telenovelas. Portanto, é fundamental que o senso crítico supere o prazer do ócio de não fazer nada.


Mesmo não sendo fácil lutar contra o confortável conhecimento produzido pela TV, é necessário que lutemos contra a falsa ilusão da realidade do mundo das sombras.


A busca desse conhecimento verdadeiro é indispensável, pois, do contrário, a alienação total da realidade e do mundo tomará conta de todos nós.

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