FONTE: MARIANA VERSOLATO, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Metade dos pacientes com doença de Parkinson e psicose recebem prescrições de remédios antipsicóticos, incluindo drogas que pioram os sintomas da doença, não têm eficácia comprovada e aumentam o risco de morte.
Cerca de três em cada dez prescrições de remédios antipsicóticos pioram os sintomas da doença de Parkinson.Além disso, para cerca de 90% dos remédios indicados não há eficácia comprovada de que eles melhoram os sintomas da psicose.
Essas são as conclusões de um estudo publicado pelo "Journal of the American Medical Association". A pesquisa analisou dados de 2.597 pessoas nos EUA com Parkinson e psicose.
Até 60% dos pacientes com Parkinson acabam desenvolvendo psicose, que está associada ao envelhecimento, uso de remédios para Parkinson, piora dos sintomas da doença e depressão.
Segundo o estudo, apenas uma droga, a clozapina, melhora os sintomas da psicose e tem eficácia comprovada, mas apenas 2% das prescrições se referem a ela.
O neurologista Henrique Ballalai Ferraz, membro da Academia Brasileira de Neurologia, afirma que esse remédio é pouco receitado porque seu uso requer exames semanais, pelo potencial de a droga induzir à diminuição de glóbulos brancos.
Para Manoel Jacobsen Teixeira, neurologista, a clozapina é o padrão-ouro no tratamento da psicose em parkinsonianos, mas seu custo é muito alto.
Os especialistas afirmam ainda que outras drogas, como a quetiapina e a olazapina, são seguras e não pioram os sintomas do Parkinson, mas faltam estudos demonstrando sua eficácia.
Para Teixeira, é surpreendente o fato de que quase 10% da população dos EUA usa antipsicóticos clássicos, mais antigos e que pioram os sintomas do Parkinson."Muitos médicos prescrevem remédios aos quais estão acostumados e não se atualizam", afirma.
De acordo com o neurologista Rubens Gagliardi, a primeira coisa que deve ser feita para tratar psicose em parkinsonianos é ajustar as medicações e, se possível, trocá-las.
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