Erenildes não tem os requisitos de suas ‘colegas’ famosas, mas foi capaz de dar um tempero cômico a uma história que tinha tudo para terminar em tragédia.
Pouco importa a abundância da Mulher-Melancia, a potência da Mulher-Melão, o sabor da Mulher-Morango ou o volume da Mulher-Samambaia. Pindobaçu, a 377 quilômetros de Salvador, só quer ketchup.
A dona de casa Erenildes Aguiar Araújo não tem os requisitos de suas ‘colegas’ famosas, mas foi capaz de dar um tempero cômico a uma história que tinha tudo para terminar em tragédia.
Em qualquer esquina, botequim ou carrinho de cachorro-quente da cidade, só se fala nela. A notícia da mulher que em acordo com seu algoz banhou o corpo de ketchup para forjar a própria morte se espalhou mais rápido que mancha de molho de tomate. “Você sabe, né? A cidade é pequena. Todo mundo conhece todo mundo”, diz Erenildes, que agora é chamada e Mulher-Ketchup.
Primeiro repórter a repercutir o caso, o radialista Walterley Kuhin sabia que a história um dia ia estourar, mas não imaginava que ganharia manchetes na capital e muito menos que respingaria ketchup nos telejornais de todo o país. Exposição Localizada no Norte do estado, Pindobaçu logo virou notícia em Senhor do Bonfim, maior cidade da região, e alcançou as vizinhas Campo Formoso e Filadélfia, ganhando cada vez mais molho para a chacota.
Até o prefeito Hélio Palmeira brinca com o fato. Ele acha positivo a exposição do município, ainda que através de um fato tão esdrúxulo. “Pelo menos eleva o nome da cidade. Afinal de contas, não houve violência. Ninguém morreu”. Enquanto ouve as piadas, Erenildes, que antes de ser a Mulher-Ketchup era conhecida como Lupita, não só renega o novo apelido como diz ignorá-lo. “O pessoal grita por aí, mas eu ignoro. É coisa de gente baixa e sem classe”.
FARSA.
Erenildes seria vítima do ex-presidiário Carlos Roberto de Jesus, que recebeu R$ 1 mil de Maria Nilza Simões para matar a rival. Mas ‘pistoleiro’ e vítima forjaram a morte. Como prova, Carlos apresentou fotos do crime e a mandante acreditou, apesar da montagem tosca. A farsa foi descoberta três dias depois, quando Erenildes viu o ‘assassino’ e ‘vítima’ na feira - os dois estariam aos beijos.
Nilza foi à delegacia denunciar que havia sido roubada por Carlos. Chamado a depor, o homem entregou tudo.Mais do que a própria Mulher-Ketchup, a suposta mandante do crime também aguenta zoação. “Ela foi muito besta de acreditar naquilo. Isso tem que virar filme de comédia”, disse a vendedora Ana Paula Cardoso, 24.
Ontem, o CORREIO tentou ouvir a acusada de encomendar o crime. O advogado que conseguiu o habeas-corpus de Maria Nilza informou que “ela está chateada e só vai falar na Justiça”. Já que o crime não se consumou, Nilza responde por ameaça de morte. “Ela não fala porque deve. Quem não deve não teme”, diz Lupita.
Agora, fala-se de um vídeo em que o ‘assassino’ grava toda a ação em que, além de ketchup, usou uma faca e uma mordaça. Segundo o radialista Walterley, Erenildes aparece sorrindo na gravação. “Aí o rapaz repreende ela”. Mas isso é apenas mais um ingrediente desta condimentada história - talvez o parmesão ralado.
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