sexta-feira, 2 de março de 2012

RABDOMIÓLISE (DANO NOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS – MÚSCULOS DOS BRAÇOS E DAS PERNAS)...



A rabdomiólise traduz uma situação de dano nos músculos esqueléticos (músculos dos braços e das pernas), que faz com que uma porção mais ou menos importante das suas células seja destruída. À medida que as células musculares ficam danificadas, deixam sair para o exterior as substâncias nelas contidas. A mais importante destas substâncias chama-se mioglobina. A mioglobina passa para o sangue após uma lesão muscular. Os rins limpam o sangue, por isso a mioglobina sai com a urina. Muita mioglobina na urina pode fazer com que os rins deixem de funcionar, entupindo os seus túbulos. Também pode provocar problemas no sangue e nos pulmões.

CAUSAS DA RABDOMIÓLISE:
Existem muitas razões pelas quais se pode registar rabdomiólise. Na maioria dos casos trata-se de uma Rabdomiólise discreta, traduzida por ligeiro a moderado aumento da mioglobina, que não dá qualquer sintoma. É o que acontece com pequenos traumatismos (simples quedas, por exemplo) ou até com banais injecções intramusculares. Só quando é muito acentuada é que podem surgir lesões como as descritas. A seguir, apontam-se algumas das causas de rabdomiólise, nem todas necessariamente graves:

Traumatismo muscular (em particular se com esmagamento associado).

Exercício físico acentuado, fora do habitual.

Choque eléctrico, queimaduras, ossos partidos, ou uma lesão que envolva um esmagamento, como por exemplo um acidente rodoviário ou o desmoronamento de um edifício.

Álcool e abuso de drogas ou overdose.

Consumo excessivo de cafeína.

Toma excessiva de medicamentos como aspirina, teofilina, calmantes e antidepressivos.

Lesão tóxica dos músculos, como no tétano, nas mordeduras de cobra ou de aranha, ou na exposição ao monóxido de carbono.

Infecções graves.

Doenças hereditárias dos músculos (doenças familiares, que podem ser passado para os filhos e para os netos).

Doenças musculares como a polimiosite e a dermatomiosite.

Alguns tipos de cancro.

Músculos que não têm um bom fornecimento sanguíneo e não recebem oxigénio suficiente. De igual modo, quando os músculos sofrem uma grande pressão, ou ficam numa posição invulgar durante muito tempo.

Ataques epilépticos (convulsões).

SINAIS E SINTOMAS DA RABDOMIÓLISE:
Com a rabdomiólise podem surgir dores musculares, inchaço e fraqueza nas pernas, nos braços ou no fundo das costas. Também podem surgir:

Sangue na urina ou urina com cor de Vinho-do-Porto.

Equimoses ou vermelhidão nos músculos.

Frequência cardíaca acelerada.

Náuseas e vómitos.

Dificuldades respiratórias.

Diminuição do volume de urina.

DIAGNOSTICO:
ANÁLISES AO SANGUE E À URINA:
A pesquisa de mioglobina no sangue e na urina são os exames fundamentais para o diagnóstico. Outros exames, nomeadamente à forma como os rins estão a trabalhar, são também decisivos para avaliar como é que o organismo está a reagir à rabdomiólise e que orientação terapêutica será necessária. Pode precisar de tirar sangue mais do que uma vez.

SINAIS VITAIS: Incluem tirar a temperatura, medir a pressão arterial e as frequências cardíaca e respiratória. Os seus sinais vitais são medidos para que os médicos possam avaliar a forma como está a reagir.

RESSONÃNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN): Durante a RMN são obtidas imagens dos músculos lesados. Os médicos utilizam estas imagens para procurar as possíveis causas da rabdomiólise, caso não sejam evidentes pela clínica.

CUIDADOS A TER:
Pelo que ficou exposto, deve cumprir com as ordens médicas ajustadas à situação específica de Rabdomiólise. O repouso e a ingestão de líquidos adequados são fundamentais.

RISCOS E COMPLICAÇÕES:
A insuficiência renal aguda é a principal e mais grave das complicações que podem surgir na sequência de uma rabdomiólise. Os seus médicos estarão atentos ao desenrolar da situação.

TRATAMENTO DA RABDOMIÓLISE:
Na maior parte dos casos a rabdomiólise não justifica qualquer tratamento para além de uma hidratação adequada, habitualmente feita através da administração de soros e da ingestão de líquidos. Quando a sua gravidade afecta os órgãos internos, muito em particular os rins, de forma grave torna-se necessário proceder a tratamento mais intensivo, que pode chegar à realização de hemodiálise (rim artificial). Os médicos utilizam as análises ao sangue e à urina para descobrir a gravidade da rabdomiólise. Descrevem-se, de seguida, alguns dos meios de tratamento e dos cuidados que podem vir a ser necessários:

REPOUSO: De início, o doente pode precisar de ficar na cama, para que os músculos se recomponham e as dores não se agravem ao querer fazer exercício com músculos muito magoados.

BEBER LÍQUIDOS: Dependendo da gravidade da Rabdomiólise e da sua repercussão renal, pode precisar de beber muitos ou poucos líquidos. Siga rigorosamente as instruções do seu médico. Devem-se preferir líquidos como a água, os sumos ou o leite. Limite a quantidade de cafeína que bebe, presente em substâncias como o café, o chá e alguns refrigerantes.

TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: Pode precisar de fazer uma transfusão sanguínea se existir uma anemia grave, por vezes associada ao incidente que provocou a rabdomiólise (acidentes graves, com perda de sangue e esmagamento muscular).

COLOCAÇÃO DE CATETER VENOSO (CVC): É um cateter (tubo de plástico flexível, de reduzido diâmetro) colocado numa veia de grande calibre perto da clavícula (no pescoço) ou numa virilha. O CVC pode ser utilizado para administrar soros, medicamentos ou para avaliar o comportamento do coração.

DIÁLISE: Vulgarmente designada por “rim artificial.” Este procedimento limpa o sangue quando os rins não estão a funcionar adequadamente. A água e as substâncias acumuladas, são removidas do sangue através de uma máquina de diálise.

ALGALIAÇÃO: É um tubo que é colocado na bexiga para drenar a urina. Desta forma procura-se evitar que o doente tenha de se levantar, permitindo um rigoroso controlo da quantidade de urina que sai do organismo. Não puxe a algália, pois poderá magoar-se ou até sangrar. Não levante o saco de urina acima do cateter. Se o fizer, a urina volta à bexiga. Isto pode provocar uma infecção.

MEDICAMENTOS:
ANALGÉSICOS:
Os médicos podem receitar medicamentos para reduzir as dores musculares.

DIURÉTICOS: Os diuréticos eliminam os fluidos que se possam ter acumulado no corpo ou nos pulmões. A eliminação destes líquidos excedentários ajuda os pulmões e os rins a funcionarem melhor.

ANTIBIÓTICOS: Podem ser administrados para ajudar a combater estados infecciosos que, com alguma frequência, agravam ou precipitam uma Rabdomiólise.

OXIGÊNIO: Pode ser administrado através de uma máscara plástica ou de sondas nasais (tubos curtos e finos) sobre a boca ou o nariz.

CIRURGIA: Pode precisar de ser operado, dependendo da gravidade da sua lesão. Por vezes, os músculos lesados incham muito, provocando pressão sobre os vasos sanguíneos e sobre os nervos que passam pelo seu interior. Uma fasciotomia é uma cirurgia para cortar os tecidos que envolvem os músculos (aponevroses), o que diminui a pressão do inchaço sobre os vasos e os nervos. Isto acontece com maior frequência em lesões na perna e no braço.

FOTOS:
Modelo da mioglobina, uma proteína relacionada com a lesão renal da rabdomiólise:

A urina de uma pessoa com rabdomiólise. Observe a caracteristica da coloração castanha, como resultado da mioglobinúria:

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