FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Na busca pelo corpo perfeito, os mais ansiosos por resultados imediatos recorrem a métodos perigosos, como a automedicação e de dietas mirabolantes, como já mostramos aqui nas primeiras matérias da série sobre emagrecimento. Estes métodos, apesar de sedutores, nem sempre são seguros ou eficazes.
No entanto, uma parcela significativa da população tem buscado cada vez mais a orientação médica para entrar em forma com cautela e saúde. Entre os procedimentos mais procurados estão o acompanhamento nutricional com especialistas e, em casos indicados, a cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como “redução de estômago”.
O método tem conquistado tanto a preferência dos gordinhos mas apenas um hospital de Salvador realiza cerca de 800 cirurgias bariátricas por mês e quase dez mil por ano. A crescente demanda obrigou a unidade a se preparar para, a partir de 2013, realizar 100 intervenções mensais, um incremento de 50%.
“Nos últimos tempos eu realizei mais bariátricas que cirurgia geral. Opero, em média cinco pacientes por dia. Isso ocorre porque temos uma geração mais obesa do que há anos. Só para se ter ideia, só no Brasil, a cada ano são diagnosticados 300 mil casos de obesidade, número que dá para lotar seis estádios do tamanho da Fonte Nova. Isso é muito preocupante”, informou o coordenador do Núcleo de Obesidade do Hospital Espanhol, o médico Márcio Café.
Mas, atenção! Ele ressalta que não é qualquer paciente com alguns quilinhos extras que é encaminhado para o centro cirúrgico. A redução de estômago só é recomendada em dois casos específicos: para pessoas com diabetes tipo 2 ou obesidade mórbida, identificada pelo Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou superior a 35.
O IMC é obtido através do seguinte cálculo: peso (kg) dividido por altura (cm²).
De acordo com o especialista, mesmo os pacientes que se encaixam nesses critérios passam por uma espécie de “filtragem”, onde são analisados os hábitos alimentares e de vida do paciente, além de checar a existência de problemas psicológicos, a exemplo de depressão, ansiedade, transtornos mentais, além de patologias, como hipertensão arterial e até a sobrecarga ortopédica nos joelhos e pés devido ao sobrepeso.
“Antes de ser submetido ao procedimento, o paciente é rigorosamente avaliado por uma equipe multiprofissional, envolvendo cardiologista, ortopedista, endocrinologista, nutricionista, gastro, enfermeiro, fisioterapeuta e educador físico. O tempo de preparação é bem maior que a cirurgia propriamente dita, que tem duração de apenas uma hora e no dia seguinte o paciente recebe alta, mas deve voltar periodicamente para fazer o acompanhamento com a equipe médica, a fim de evitar a volta de peso”, destaca.
Essas visitas esporádicas ao médico não é nenhum sacrifício para o advogado André de Jesus, que há quase dois anos passou pelo procedimento cirúrgico. Com 55 kg a menos, esbanjando elegância e satisfação, ele costuma dividir sua vida em duas etapas: antes e após a bariátrica.
“Foi um renascimento, literalmente falando, pois nos primeiros dias eu tive que reaprender a me alimentar, primeiro com os alimentos líquidos, depois pastosos e depois sólidos, assim como um bebê, mas o melhor foi elevar minha autoestima, pois o sobrepeso já estava atrapalhando as minhas atividades profissionais, já que eu tinha vergonha de me expor em público. A cirurgia foi fundamental não só esteticamente falando, mas para a minha saúde. Aos 27 anos tive um pré AVC e já não conseguia fazer pequenas caminhadas sem ficar ofegante. Hoje, pratico esporte, faço exercícios físicos e tenho uma vida normal e feliz”, relata.
Além de todos esses benefícios, a bariátrica ainda presenteou André com um casamento. Foi graças a sua internação para a cirurgia que ele conheceu a também advogada Lívia Souza, que já havia feito a redução de estômago. “Não digo que a cirurgia resolve todos os problemas, mas ajuda bastante porque quando se está bem psicologicamente, tudo fica melhor. Para quem não tinha nem namorado eu conseguir até marido”, brinca Lívia, que na adolescência chegou a pesar 115 kg, mas perdeu 46 kg com a cirurgia e estampou a capa de uma revista, ostentando seus 56 kg distribuídos em quase 1,70m.
“Mas é um exercício contínuo, pois você precisa realmente se reeducar para manter o resultado adquirido. Hoje, eu tenho uma alimentação equilibrada e pratico exercícios físicos. Não me tornei escrava da dieta, mas adotei a lei da compensação, ou seja, quando exagero em um dia, modero no outro, pois sei que posso voltar a ganhar peso. Por isso, tomo cuidado, pois não existe alegria maior que entrar em uma loja e pedir uma blusa tamanho P e dizer a vendedora que está grande. Agora é tudo “inho”: biquinhinho, shortinho, cintinho”, se diverte.
Lívia fala com propriedade sobre o peso da obesidade, pois herdou isso da família. Além dela, a mãe e dois irmãos recorreram à bariátrica.
A cirurgia é realizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou através de convênio. No entanto, o SUS não disponibiliza em quantidade satisfatória, além de só operar pelo método antigo, utilizando corte na barriga, enquanto os planos de saúde autorizam por meio laparoscópico (por vídeo).
“A nova metodologia reduz os riscos de infecção e o tempo de internação hospitalar, além de ser mais prática, rápida e segura. A cirurgia bariátrica é recomendada para pacientes a partir de 15 anos, por já ter o corpo mais ou menos formado, mas em casos especiais, de pessoas que sofrem de obesidade mórbida desde a infância, operamos a partir dos 12 anos”, explica o médico.
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