FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que 50 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de distúrbio da visão e que 60% dos casos de cegueira e deficiência visual podem ser evitados. Porém, o mais preocupante é que grande parte da população desconhece o problema visual, e muitos carregam essa deficiência desde a idade escolar.
Quando avaliadas as crianças em idade escolar, os números são mais alarmantes. Cerca de 30% das crianças têm problemas na visão, e 80% nunca passaram por um exame de vista, de acordo com os números apresentados pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia, respectivamente.
Isso mostra a necessidade da realização do exame de acuidade visual. Um projeto de lei pretende tornar obrigatórios os exames para estudantes do ensino fundamental e médio. A iniciativa visa reduzir os problemas relacionados ao baixo índice de aproveitamento escolar e os números de repetência.
“Enxergar direito talvez seja um dos direitos mais legítimos de todos. E isso só será alcançado com iniciativas conjuntas entre a iniciativa privada e poder público”, afirma Bento Alcoforado, diretor presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica).
Para Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista e consultor médico da Abióptica, a correção visual, seja com o uso de óculos, indicação de terapias, realização de cirurgias ou outros procedimentos oftalmológicos, é também um meio de combater a evasão escolar.
“A visão responde por 85% de nossa integração com o meio ambiente, sendo um sentido essencial para o desenvolvimento cognitivo. De acordo com o Ministério da Saúde, todo ano são matriculadas aproximadamente 6 milhões de crianças no ensino fundamental público. Segundo levantamento feito em escolas municipais, 7 em cada 10 crianças nunca passaram por exame oftalmológico”, disse ele.
O estudo também demonstrou que após a primeira consulta e o início do uso de óculos, os professores perceberam que:
-- 50% das crianças tiveram melhora no rendimento escolar;
-- 51,1% conseguem desenvolver atividades que antes não conseguiam;
-- 57% concentram-se mais;
-- 49% finalizam tarefas que antes não terminavam;
-- e 36,2% estão menos agitadas.
Já os pais observaram que:
-- 88% das crianças têm maior interesse pelos estudos e concentram-se mais nas tarefas;
-- 91% conseguem realizar tarefas que antes não conseguiam;
-- e 68% não se incomodam em usar óculos;
-- além disso, as queixas sobre dores de cabeça pararam.
“Os indicadores levantados demonstram que a visão é a maior responsável pelo baixo rendimento escolar e exerce também influência sobre o comportamento, uma vez que 36% das crianças tornaram-se menos agitadas após o uso de óculos”, argumenta Leôncio Queiroz Neto.
Entre os adultos, os números também são preocupantes. De acordo com pesquisa recente encomendada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma, 36% dos brasileiros adultos nunca foram ao oftalmologista e 18% fizeram apenas uma consulta em toda a vida.
Alguns sinais podem ajudar a identificar se a criança tem problemas de visão, de acordo com o médico Leôncio Queiroz Neto. Pais e professores devem ficar atentos.
Até os 2 anos de idade, é importante observar se a criança apresenta:
-- lacrimejamento constante;
-- fotofobia;
-- íris muito grande, com reflexo, cor acinzentada ou opaca;
-- falta de interesse pelo ambiente e pessoas;
-- e olhos vermelhos com secreção.
Dos 3 aos 7 anos, os pais devem procurar um médico oftalmologista quando a criança:
-- tem dor de cabeça ou nos olhos com freqüência;
-- tomba a cabeça para um lado;
-- assiste à TV muito perto da tela;
-- possui os olhos desviados para o nariz ou para fora;
-- esfrega os olhos após esforço visual ou fecha um dos olhos em locais ensolarados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário