segunda-feira, 26 de abril de 2010

HOSPITAIS SEM MEDICAMENTOS...

FONTE: Ludmilla Cohim, TRIBUNA DA BAHIA.

Há mais de 15 dias a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) não abastece as farmácias do Hospital Mário Leal e Juliano Moreira - unidades de saúde da rede estadual especializadas na assistência psiquiátrica - com a Closapina, medicamento destinado aos portadores de transtornos mentais, e respectivamente, inscritos no Programa de Medicação Excepcional/Psiquiatria de Alto Custo. O Centro de Referência em Saúde Mental constatou, em pesquisa, que 17 milhões de pessoas possuem algum transtorno mental grave – como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, e transtorno obsessivo-compulsivo (Toc).
Devido a afluência de pessoas, o Hospital Mário Leal inseriu na entrada da Instituição médica uma espécie de cartaz onde expõe para os pacientes os nomes dos medicamentos que encontram-se a mais de 15 dias em falta. “A Closapina, realmente tem um mês em falta, mas existem alguns medicamentos que já estão completando um mês sem estar disponível. As famílias alegam que pretendem levar o caso à Justiça e de uma forma ou de outra nós estamos servindo de para raio em decorrência da inércia da Sesab”, comenta uma atendente que preferiu não se identificar.
Um paciente, que também preferiu o anonimato, conta que há dois anos manifestou a esquizofrenia - distúrbios mentais graves e persistentes, caracterizados por distorções do pensamento e da percepção - e imediatamente se inscreveu no programa em decorrência do valor da Closapina, que chega a custar R$ 180 em algumas farmácias. Em entrevista, ele elogiou o atendimento prestado pelos funcionários envolvidos, mas julga a disponibilidade do remédio que deve ser utilizado de forma contínua. “Os atendentes realizam todos os pré-requisitos de forma organizada: marcam hora, data e o turno para buscarmos nosso remédio. A Sesab é quem deve ser apontada, pois está sendo extremamente irresponsável, por se tratar de um tratamento psíquico. Eu já tenho sentindo na pele a ausência dele”, aponta.
O médico, psicoterapeuta e membro da Sociedade de Psiquiatria do Brasil, Antonio Pedreira, diz que a ingestão da closapina representa uma eficácia maior sobre os sintomas da esquizofrenia por controlar a crise que pode atingir qualquer pessoa, sem distinção de idade, sexo e grupo social, basta ter uma estrutura psíquica predisposta. Sobre a interrupção do medicamento, o médico adverte que o paciente estará favorável a surto grave gerado através de um transtorno de pensamento. “Com a ausência do medicamento no organismo o individuo tem uma alteração que não compacta com a realidade.
Nesse sentido, os delírios, alucinações, derivadas de doenças mentais, como a esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, obsessivo-compulsivo, se agrava muito”, explica.
Com a deficiência na disponibilidade do medicamento o paciente que optou pelo anonimato tem vir a precisar internar-se em uma clínica particular cuja diária custa aproximadamente R$ 1.000. “Meu médico reafirmou que apenas esse remédio me dá estabilidade. Nos últimos dias estou sentindo falta e caso eu tenha uma alteração significativa vou ter que sair da convivência. Agora, se eu não estou tendo R$ 180 para comprar o Closapina de onde vou tirar o dinheiro para a internação?”, questiona.
O Ministério da Saúde, por sua vez, assegura que os medicamentos de alto custo são padronizados pelo órgão federal para tratamento de determinadas doenças, adquiridas pela Secretaria de Saúde com recursos provenientes do nível federal e estadual. Segundo o órgão federal, ações vêm sendo desenvolvidas diretamente ou por meio de parcerias com os estados e municípios para aquisição e distribuição de medicamentos de saúde mental.Até o fechamento dessa edição a Tribuna tentou entrar em contato com a assessoria da Sesab, mas não obteve êxito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário