quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A CAÇOLA DE DONA MARIA E A MILITÂNCIA DE LULA...

FONTE: Jolivaldo Freitas, TRIBUNA DA BAHIA.
Nunca antes na história deste país se viu um presidente como Lula. O homem é virado no cão e está até deixando os mais eruditos com o queixo caído com seu poder de síntese verbal, incontinência verbal e verbalização. O mais interessante é messianismo que o cerca. O que o presidente desta penalizada República diz é o que vale e ninguém para e pensa. Fico intrigado como fazem isso – como ficam abestalhados e paralisados como se fossem ratos fitando cobra – nomes como Chico Buarque, Gilberto Gil, Frei Beto, Fernando Moraes e tantos outro que têm uma posição crítica com relação à vida.
Acho que, na verdade, eles ficam é sedados, como se tivessem bebido o Santo Daime e a voz de Lula vem lá de longe e penetra o inconsciente. Entende que o povão – ou a plebe rude como dizia o colunista social de antigamente Ibrahim Suedde – que não tem formação acadêmico e noção de discernimento fique extasiado com o que Lula diz, fala e vocifera. Mas, gente como o deputado Aloísio Mercadante ou Martha Suplicy, de reconhecida capacidade intelectual ficar em êxtase – como se a cada palavra lulista fosse uma baforada de ópio – se deixando levar por ideias abobadas, verdades inacabadas, lendas do churrasco do Alvorada ou aforismos futebolísticos, é lenha.
Respeito Lula como presidente da massa, eleito pela maioria da população – e Viva a Democracia! - mas não tenho o menor respeito intelectual por ele. Fico até constrangido quando ele emite lá suas besteiras, parecendo que exagerou na dose. E foi o que eu disse para Dona Maria quando ela com a calçola na mão chamou minha mãe para apreciar a belezura do discurso emocionado de Lula dizendo que Serra montou uma farsa quando recebeu uma bolinha de papel na careca e disse que foi um paralelepipedo.
Eu estava na casa de minha mãe na tentativa de filar o feijão e ver se conseguia que ela parasse de falar em doença, pois cada vez que surge uma doença nova na mídia ela passa a sentir os sintomas. Pois, dona Maria, vizinha da laje do outro lado da rua xingava Serra, elogiava Lula, principalmente pela ajuda que estava dando aos pobres com o Bolsa Família e brandindo a calçola de estampa de oncinha como se fosse uma bandeira, gritava para que todo mundo ouvisse:
- Não vou votar em Lula, vizinha, porque ele está de saída. Não voto em Serra pois não confio em careca. Meu marido era careca e você é testemunha do que aquele careca safado foi capaz de fazer comigo.
Eu que não sabia da história perguntei para minha mãe o que a vizinha queria dizer. E ela me chamando de fofoqueiro fez sinal de que iria me dar uma palmada e nessa hora o cachorro Vitiligo (ele é preto manchado de branco, claro) latiu e ela aproveitou e gritou:- Calado!
Na dúvida se era comigo ou com Vitiligo fiquei mudo e o cão também sem certeza ganiu e abaixou as orelhas, mas insisti, desta vez com minha irmã – essa sim fofoqueira por vocação – o que tinha acontecido com dona Maria e seu Carlito Careca, e minha irmã disse que ele tinha se picado de casa com a cunhada, irmã, mais nova da vizinha, uma coisa linda de dezenove anos de idade, parecendo até a atriz Sonia Braga quando fez a novela na Globo, e para piorar gastou todo o dinheiro da venda de um terreno em São Tomé de Paripe numa lua de mel de dois meses em Saubara. A vizinha tinha vaticinado para todo o bairro que a irmã era uma periguete e que só estava de olho no dinheiro do seu marido e que quando este acabasse ela lhe daria um par chifre.
Pelo que minha irmã me disse, mesmo sob olhares severos de minha mãe que entrecortava a conversas dizendo “não gosto de fofoca em minha casa”, a moça não somente continua com seu Carlito Careca como toma conta dele direitinho, cortando suas unhas dos pés, aparando calos, dando trato em suas roupas, ajeitando seu cabelo e até mesmo o obrigando a malhar de manhã cedo na academia que é para baixar as taxas do colesterol, do açúcar e melhorar a pressão arterial.
Para piorar o humor de dona Maria, a irmã está grávida do primeiro filho do ex-marido.
Enquanto isso a conversa rolava de laje a lage e dona Maria se entusiasmou tanto que agitou a calçola por cima da cabeça e disse para todo mundo ouvir:- Eu vou votar mesmo é na mulher de Lula. Ela já é ministra e é mulher.
Nisso bate um vento e arranca a calçola da sua mão que voa e avoa e vai cair justamente na calva de seu Carlito Careca que mora perto, para não perder o contato com os filhos que teve com dona
Maria, e que fez uma presepada que despertou até quem estava na sesta em suas casas:
- Maria sua nigrinha, vou tocar fogo em sua calçola. Não adianta vir com feitiço, bozó ou coisa feita. Olha que faço – e rasgou em tiras a melhor calçola da velha que lá de cima da laje mesmo mandou um balde de plástico vazio que pegou no meio da testa do homem, que abaixou e mandou pedrada.
Fui descer correndo para apartar e minha mãe me pegou pelo braço: “em briga de ex-marido em mulher ninguém mete a colher. Ali um vota em Dilma e outro no Serra e a querela vai descambar para política, fique vendo. Depois cada um contará sua versão”.
Pensei mesmo que quem se mete em briga de casal, discussão de futebol, política e religião quer mais é se lascar. E fiquei quieto no meu canto pensando mesmo é que estão querendo voltar com a censura à imprensa, enquanto tirava um fio de carne do dente e minha mãe me dava tapa na mão mandando que eu deixasse de nojeira e fosse ao banheiro usar fio dental.
Engraçadinho tentei fazer um trocadilho mal feito e disse que preferia o calçolão de dona Maria.
Fui expulso da mesa por falta de respeito e decoro e deixei a feijoada pela metade no prato. Culpa de Lula. Claro.

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