FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, saiu das eleições do dia 3 de outubro com sua posição política amplamente reforçada pela vitória em primeiro turno com grande vantagem de votos sobre a soma da votação de seus concorrentes.
Esta posição de força política é ainda potencializada pelo reforço representado pelo crescimento de sua base parlamentar, seja na Assembleia Legislativa, seja na representação baiana na Câmara dos Deputados e no Senado.
No entanto, uma parte de seu capital político ainda está por ser acrescentada, o que deverá acontecer no domingo, quando a candidata do PT a presidente da República, Dilma Rousseff – ou Ducheff, o futuro vai esclarecer essa dúvida, digamos, ortográfica – deverá ser eleita para suceder ao presidente Lula e, provavelmente, com uma margem de vantagem bastante ampla, com dez ou mais pontos percentuais dos votos válidos do que o adversário José Serra, o candidato das oposições.
Não é adequada a inclusão, nesta análise, dos múltiplos fatores – fatos, estratégias, táticas, métodos de ação política em geral e de campanha eleitoral em especial, erros e acertos políticos e administrativos, espertezas, embromações e uma infinidade de outras coisas – que trouxeram a eleição presidencial até aqui e a estão levando ao desfecho que terá domingo, favorável ao que, depois de acompanhar todos esses meses e anos o que aconteceu, eu chamaria de Tiranossaurus Rex.
Que não identifico com uma pessoa, mas com o instrumento multifacetado que colocará esta pessoa na Presidência da República. Mas isso, como já disse, não é assunto para agora e talvez nele haja excelente material para uma tese de ciência política.
Voltando à situação do governador Jaques Wagner, a virtualmente certa eleição de Dilma e, portanto, o terceiro mandato consecutivo de um petista na Presidência da República aumentam-lhe o raio de ação política, ainda mais que se trata do estado-porta para o Nordeste do país e detentor do maior colégio eleitoral governador pelo PT. Entre os estados “petistas”, só o Rio Grande do Sul se aproxima da importância política que a Bahia tem, mas não a iguala.
Uma outra vantagem de Wagner é que, na Bahia, as oposições (representadas principalmente pelo Democratas, PMDB e PR, ao que se acrescentariam partidos de porte reduzido no estado, a exemplo do PTB, PMN e PPS) saíram das eleições muito fragilizadas.
Ainda que ressalvas parciais possam ser feitas em relação ao PMDB e, até mesmo, ao PR. O PMDB manteve representação parlamentar expressiva e, para não cair no vazio, já lançou a candidatura do ex-ministro Geddel Vieira Lima a governador nas eleições de 2014.
Ao mesmo tempo disposto a executar estratégia de oposição ao governo estadual e ocupar o máximo possível do espaço que para isto estiver disponível, além do partido lançar como catalisador a candidatura de Geddel a governador em 2014, o próprio Geddel descartou completamente a hipótese de reconciliação com o governo Jaques Wagner (com o PT, nem precisaria mesmo dizer nada), hipótese que Wagner admitira como possível, ainda que difícil, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Geddel e o PMDB estão marcando território e não querem, aparentemente, que restem dúvidas sobre os limites da área a ser ocupada.
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