quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA OU PSICOPATIA?...

FONTE: Cristiane Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
Três crimes no mínimo curiosos que aconteceram no começo desta semana, às vésperas do Natal, causaram reflexão e ao mesmo tempo um clima de instabilidade na sociedade em geral, será banalização da violência ou os autores destes crimes seriam pessoas com transtornos psicológicos ou mesmo psicopatas? Para o antropólogo Roberto Albergaria, só há duas explicações relevantes, ou se trata de uma mera coincidência, ou pode estar relacionado ao período de final de ano que, apesar de todo apelo aos bons sentimentos, é a época em que se registra muita violência.
Segundo Albergaria, a visibilidade destes crimes está relacionada à singularidade. “São casos isolados que acabaram se agrupando em virtude das circunstâncias singulares, afinal um envolve dois empresários, o assassinato de Waldir Regis seguido do suicídio do autor Albérico Lopes, outro envolve membros da mesma família, tio mata sobrinho e é morto pelo filho, ou seja, um caso de parricídio, o outro, em Recife, noivo que matou noiva e o padrinho no dia do casamento e se matou, que tudo leva a crer que se trata de crime passional, portanto estes crimes ganharam visibilidade pelo caráter insólito”, afirma.

O antropólogo afirma ainda que “esta época do ano acontece muitos atos de violência, eu diria até que os números são maiores que o Carnaval, isto porque o apelo para os bons sentimentos é grande, ou seja, você é obrigado a estar feliz e ter sucesso, é uma época de se fazer um balanço, e nem todo mundo está feliz ou está realizado com a vida. Portanto isso acaba refletindo na violência, crimes domésticos, acidentes de carro. Todos os anos o número de morte nesta época é muito grande”, ressalta Albergaria.

Rosa Garcia, professora adjunta de psiquiatria da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e membro da diretoria executiva Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), acredita que aparentemente estes casos não podem ser considerados executados por psicopatas. “É sempre bom esclarecer que o psicopata não é necessariamente quem comete um homicídio, portanto nestes três casos não posso afirmar que os autores seriam psicopatas, é possível que tivessem algum distúrbio, mas na medicina não se pode diagnosticar nada sem uma avaliação do paciente. É importante ressaltar que o psicopata é o indivíduo que tem uma anormalidade na sua personalidade.

Psicopata é como o leigo chama o que em psiquiatria definimos como Personalidade Psicopática Anti-social que são aqueles indivíduos cujos padrões de comportamento estão em desacordo com as normas da sociedade. Acredito que mais do que uma questão de psiquiatria, estes crimes demonstram a banalização da violência”, opina.

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