Algumas pessoas dizem ter sentido uma sensação de rasgo ou laceração. Outros não sentem dor alguma. Alguns sentem falta de ar, pernas frias, pulsos anormais nos membros ou sintomas de derrames, como fraqueza e paralisia.
Algumas vezes, o bloqueio da circulação causa a falência de órgãos.
A variação dos sintomas pode dificultar o diagnóstico dos médicos, e levá-los a confundir o problema com um ataque cardíaco, um colapso dos pulmões ou uma úlcera.
Demoras no diagnóstico podem ser fatais, pois rupturas na aorta ascendente exigem uma cirurgia de emergência. Algumas pessoas morrem tão rapidamente que nem mesmo chegam ao hospital. Entre aqueles que chegam, se o problema não é diagnosticado e tratado em até 48 horas, metade não sobrevive.
De 80% a 90% dos pacientes sobrevivem à cirurgia, que envolve cortar a parte rompida da aorta --na maioria dos casos, diversos centímetros-- e substituí-la por um tubo de material sintético. A válvula aórtica também pode precisar ser reparada ou substituída, e as artérias coronárias podem precisar de uma ponte de safena.
As operações são longas e complicadas; o coração precisa ser parado e o paciente precisa ser conectado a uma máquina que assume as funções de bombear e oxigenar o sangue.
"Você simplesmente opera até terminar", disse Loren F. Hiratzka, cirurgião cardiotorácico e diretor de cirurgia cardíaca dos hospitais Bethesda North e Good Samaritan, em Cincinatti. ''Não é raro passarmos de quatro a oito horas lá dentro.''
Uma operação de 21 horas, como a de Holbrooke, só pode ser descrita como "heroica", disse Hiratzka, acrescentando: ''Se eles ficaram na sala de operações por 21 horas, nem posso imaginar com o que estavam lidando. Algumas vezes é como tentar consertar papel de seda molhado. As camadas da aorta ficam simplesmente em farrapos. As próprias camadas podem ficar muito frágeis, e difíceis de se arrumar."
Algumas vezes, segundo ele e outros cirurgiões, o tecido está tão fraco que nem segura um ponto, e eles passam horas costurando e tentando parar o sangramento.
Em alguns casos, pode ser um problema genético que deixa o tecido frágil e a aorta propensa a rasgos. Certas condições genéticas, como a síndrome de Marfan, são conhecidas por predispor pessoas a esses problemas --mas pesquisadores acham que há outras mutações, ainda não identificadas, que também podem ter algum papel.
Anormalidades na válvula aórtica também podem levar a rupturas. Na maioria das pessoas, a válvula possui três folhas que abrem e fecham para controlar o fluxo sanguíneo, mas em algumas ela possui apenas duas --o que pode fazer com que o sangue esguiche contra a parede da aorta num rápido borrifo, como água numa mangueira parcialmente bloqueada. Esse borrifo pode escavar buracos na parede da artéria.
''Tenho algumas imagens extraordinárias de uma parede aórtica, que removi de um paciente com aneurisma, mostrando crateras como as da lua na parede da artéria, onde a aorta havia sido atingida e tentara curar a si mesmas'', afirmou Michler, cirurgião-chefe do Montefiore. ''Isso havia acontecido em meia dúzia de lugares.''
Exames de tomografia computadorizada conseguem detectar aneurismas e identificar pessoas com riscos de rasgos ou rupturas, segundo Michler. Se um aneurisma está se desenvolvendo, os médicos conseguem monitorá-lo e operá-lo se ele crescer demais. Mas não se sabe se Holbrooke havia se submetido a raios-X ou exames de tomografia, ou se ele teve qualquer motivo para se submeter a esses procedimentos.
Alguns especialistas acreditam que qualquer pessoa com um aneurisma ou rasgo aórtico tem grandes chances de ter alguma doença genética oculta. Assim, sempre que um paciente apresenta um aneurisma aórtico, disse Hiratzka, é importante que os familiares mais próximos --irmãos, filhos e pais-- sejam testados por problemas similares.
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