sábado, 15 de janeiro de 2011

PMDB PREPARA RECICLAGEM...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
A crise entre o PMDB e o PT por causa de espaços políticos no governo Dilma Rousseff não arrefeceu. Apenas, a batalha passou a ser travada em surdina, por exigência da presidente. Mas o PMDB, embora já conformado em não ter um representante partidário no núcleo político do governo (Michel Temer integra esse núcleo, mas por ser vice-presidente da República e não por ser peemedebista), insiste em cobrar postos que minimizem as duas pesadíssimas perdas que sofreu na composição do primeiro escalão e já também em algumas áreas do segundo escalão, como ocorreu na Saúde, onde, além do cargo de ministro, perdeu a Secretaria de Atenção à Saúde e a Funasa.
O PMDB está consciente de que perdeu espaço e força na composição do governo, além de ter encolhido na Câmara dos Deputados, onde, desde que é PMDB, pela primeira vez não terá a maior bancada, mas a segunda em número de integrantes, superada pela do PT. A estratégia petista, a esta altura absolutamente óbvia, é a de desidratar o PMDB e torná-lo cada vez mais um aliado frágil e controlável. Ao tempo em que os petistas ocupam os espaços a fórceps arrancados ao PMDB.
O partido que já foi de Ulysses Guimarães está consciente de que se as coisas continuarem no rumo em que vão lhe caberá o mesmo destino que atualmente amarga o DEM (antes PFL), hoje próximo, muito próximo da extinção. Está ideia, assinala um analista ligado ao PMDB, está “fermentando no partido” e deverá produzir resultados a seu tempo.
Uma observação atenta dos fatos recentes leva à conclusão de que o comando peemedebista teve fraco desempenho na negociação com o novo governo, o que facilitou ao PT ocupar espaços que no governo Lula eram do PMDB. Michel Temer bem teria feito se renunciasse à presidência do PMDB imediatamente à proclamação de sua eleição para vice-presidente da República pelo TSE.
Como vice de Dilma, ele não podia brigar por seu partido. Então deixasse a outro essa tarefa e ele se preservaria para atuar como conciliador. Mas não fez isto e, assim, prejudicou.
Na avaliação da bancada na Câmara, o líder Henrique Alves apresenta (apresenta) fraco desempenho na negociação e na batalha. O critério de avaliação é o dos resultados. Ao ensaiar uma proposta de salário mínimo bastante acima da que o governo admite, o líder teria visado principalmente a, mostrando disposição para a briga, reduzir seu desgaste junto à bancada peemedebista na Câmara.
A proposta colocaria o PT na terrivelmente incômoda posição de defender um salário mínimo menor. E, na duvidosa ou improvável hipótese de o maior ser aprovado, a presidente Dilma estaria na incômoda posição de vetá-lo.
Há no PMDB o entendimento de que, a curto prazo, o partido não vai recuperar a posição confortável de que desfrutava no governo Lula (na minha opinião, o Projeto de Poder do PT entrou em novo estágio com o início do governo Dilma). Mas estima-se, no partido, que este tem experiência para, a prazo maior, recuperar espaços. “Se não recuperar, Aécio está aí mesmo”, assinala o anônimo analista já referido antes.
O tucano Aécio Neves tem, dentro do PMDB, um apelo muito forte. Se o PMDB não estiver confortável no governo Dilma, abrirá outro caminho, pois sabe que, do contrário, acabará tendo o mesmo destino do DEM – e é esta consciência que vai se firmando entre os peemedebistas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário