terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PROFISSÕES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (PARTE UM)...

FONTE: Roberta Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.
"O que é um datilógrafo?”, pergunta Rafaela Borges dos Santos, de 7 anos, à mãe, Renata Borges, 35. O questionamento não se trata de uma simples curiosidade de criança, mas, o retrato de uma realidade que tem preocupado muita gente. Com o avanço da tecnologia e as mudanças estruturais da economia mundial, diversas profissões deixaram de existir e outras tantas estão ameaçadas de extinção.
Dados do Serviço de Intermediação para o Trabalho (Sine-Bahia) apontam uma redução significativa na procura por secretárias, telefonistas, operadores de computador, digitadores, contínuos, operadores de xérox, ascensoristas, arquivistas e zeladores.
“Apesar de facilitar a vida de muita gente, a tecnologia reduz mais do que cria postos de trabalho”, conclui Hildásio Pitanga, coordenador geral do programa.
Uma das maiores potenciais mundiais, os Estados Unidos comprovam esta tendência, em números. Uma pesquisa realizada neste país, entre 2004 e 2009, registrou queda de 31% na atividade de operador de computadores, tendo perdido 42 mil trabalhadores. Estatísticas facilmente compreensíveis: computadores mais sofisticados requerem, cada vez menos, operadores de terminais e servidores.
A Agência de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics, em inglês) dos EUA listou uma série de atividades fadadas ao fracasso. Entre estas, artistas performáticos, triagem de serviço postal, terapeutas holísticos, assistente administrativo, telemarketing, vendedores de porta em porta, funcionários de laboratório fotográfico, costureiras, operadores de rádio e carpinteiros.
De acordo com o estudo, mágicos, palhaços, dançarinos e malabaristas perderam a popularidade para o cinema e os videogames, levando a atividade a cair 61% em 5 anos.
Novos processos automatizados para separar as cartas e maior uso de e-mail vão acabar tornando desnecessário o profissional de triagem de serviço postal. A área de terapia holística perdeu 26 mil postos de trabalho de 2004 a 2009, e poucos planos de saúde cobrem tratamentos como acupuntura e homeopatia.
Para a agência de estatísticas dos EUA, secretárias e arquivistas não serão mais necessários com o incremento de novas tecnologias. Substituídos pela internet e anúncios de televisão, a atividade de telemarketing e vendedores de porta em porta recuará 15% até 2018, segundo os dados.
A consolidação da fotografia digital e da impressão automatizada de imagens deve fechar muitos laboratórios de fotografia e demitir muitos funcionários. Até 2018, a previsão é de declínio de 24%.
BRASIL SEGUE TENDÊNCIA DOS EUA.
As máquinas de costura perderam 77 mil profissionais especializados em cinco anos nos EUA, e a concorrência de outros países provocou movimento de queda na indústria têxtil manual.
Com o aprimoramento tecnológico de telecomunicações, a demanda por operadores de rádio e monitoramento de equipamentos está sumindo. Em cinco anos, a atividade perdeu 43% nos EUA.
O mesmo ocorre com os carpinteiros americanos, que perderam espaço de trabalho com a preferência dos consumidores por casas pré-fabricadas.
Para Pitanga esta ainda não é uma realidade do Brasil, que caminha a passos mais curtos, em relação aos EUA, para os avanços tecnológicos, mas, é uma forte tendência para um futuro não muito distante.
“O governo deve estar atento às novas tendências do mercado de trabalho, à abertura de novas atividades e assim investir em capacitação profissional e criar estratégia para absorver a mão de obra excedente, fruto desta perda da extinção destas atividades”, destacou.
Especialista em recursos humanos (RH), Adriana Queiroz acredita que, apesar da menor procura, algumas atividades conseguiram se sustentar ainda por muitos anos.
“É o caso do telemarketing, que aqui na Bahia tem uma grande procura e deve se manter por muito tempo ainda, pois as pessoas ainda precisam do contato pessoal, o brasileiro não se acostumou ainda em falar com máquina, ele quer falar com um atendente”, lembra.
A estudiosa ressalta ainda que a atividade de costurar ainda é muito requisitada, na capital baiana, principalmente nesta época, pré-carnavalesca. “Muitas empresas recrutam costureiras para dar conta dos abadás, sem contar que muita gente ainda faz roupa por encomenda”, garante.
Enquanto algumas profissões perdem espaço outras estão em alta. É o caso das atividades ligadas ao petróleo. “Este é um campo que ainda tem muito o que crescer e a cada dia mais, demanda profissionais”, diz.

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