Não me dei ao trabalho de fazer o levantamento exato sobre quantos deputados realmente na oposição têm os partidos oposicionistas representados na Assembleia Legislativa por considerar que isto não seria necessário para a afirmação do que é notório – que são pouquíssimos.
Um exemplo que põe isso a nu é o PMDB. Elegeu uma bancada de seis deputados estaduais, mas três deles já não podem ser considerados oposicionistas e inclusive se dispõem a ingressar no PSD, o novo partido que está sendo fundado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pelo vice-governador paulista, Afif Domingos, e pelo vice-governador baiano, Otto Alencar, entre outros políticos.
A liderança de Otto Alencar sobre a seção baiana do PSD significa que os políticos, incluindo parlamentares, que estão migrando para a nova e ainda futura legenda o fazem com a disposição de apoiar o governo de Jaques Wagner, do PT. É a este governo que a oposição baiana tem de fazer frente, no âmbito estadual. Evidente que, no âmbito nacional, o confronto desigual é com o governo petista da presidente Dilma Roussef.
Assim, vistas as coisas sob o ângulo dessa esqualidez de quadros políticos oposicionistas (houve baixas pesadas na bancada oposicionista baiana na Câmara federal com as eleições, o que se acentuou mesmo depois do pleito com o fenômeno do adesismo pós-eleitoral e a perda, nas eleições, das duas cadeiras de senador que ainda não estavam sob o controle da base política de Wagner), podem os apressados imaginar que os oposicionistas que restaram estão em situação desesperadora. Mas pode não ser exatamente assim.
É provável que neste momento hajam grandes dificuldades de parlamentares e outras lideranças estaduais dos principais partidos da oposição baiana, a exemplo do DEM, PSDB e PMDB e PR (estes dois últimos, oposição somente em nível estadual, mas não federal), segurar as bases municipais remanescentes e atrair novos militantes.
Daí a declarada disposição do deputado democrata ACM Neto e do presidente da seção estadual do DEM, ex-deputado José Carlos Aleluia, de buscar a renovação com a incorporação de novos quadros a serem buscados com o máximo empenho.
Mas tão poucos são os que se mantiveram firmes na oposição em que o eleitorado os colocou que talvez isto os beneficie. Afinal, é muito praticamente impossível, em um regime democrático, chegar-se a algo próximo de um consenso eleitoral, a uma força tão hegemônica que se aproxime da unanimidade. Enquanto o regime for democrático e a democracia for exercitada, isso é inviável.
Então, sempre haverá uma parcela considerável da população, e mais especificamente do eleitorado, que discordará do governo, a ele se oporá e buscará, em eleições, sufragar os candidatos que estejam alinhados com essa discordância, vale dizer, que estejam fazendo oposição.
Como, na atual conjuntura, em nível estadual e em nível da bancada federal, são poucos os parlamentares e outros políticos de destaque, a exemplo do ex-ministro Geddel Vieira Lima, do ex-governador Paulo Souto, do ex-senador César Borges, do ex-deputado José Carlos Aleluia e do deputado João Almeida, do ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo, será fácil a essa parcela oposicionista do eleitorado identificá-los e identificar-se com eles.
Como o discurso de oposição, na boca de poucos, como os líderes na Câmara e na Assembleia Legislativa, lhes acarretará visibilidade. Uma notoriedade que pode ser importante para eles, pessoalmente, em eleições.
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