Escrevi aqui, ontem, que a oposição no Brasil está “desnorteada, quase em ruínas”. Com uma rápida análise da ausência de formulação de estratégias e a presença das disputas, brigas e desajustes no principal partido oposicionista, o PSDB, onde lavra uma luta em busca de espaços e de plataformas que permitam a afirmação, dentro do partido, de candidaturas a presidente da República em 2014.
Sobre o que era e ainda é o segundo maior partido da oposição, o Democratas, ex-PFL, foi aqui dito que está em colapso, não só pelos pobres resultados obtidos nas urnas de outubro passado como porque esse mau resultado e outros fatores provocaram uma dissenção interna entre a ala que ficou afinal no comando da legenda e a ala minoritária.
Nesta ala minoritária do DEM estão (ou estavam) o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o vice-governador paulista Afif Domingos, o ex-senador catarinense e ex-presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, a senadora Kátia Abreu e outros políticos menos expressivos ou sem expressividade nenhuma. Essa ala está decidida a fundar um novo partido, o PSD, que se declara “independente”, mas obviamente precisará adotar mais adiante uma posição, pois em política “independente” só existe como coisa provisória.
Diante das dificuldades do PSDB para lidar com seu quadro interno e com um governo esmagadoramente majoritário no Congresso Nacional e diante da crise que leva o DEM a uma situação de colapso ou, na melhor das hipóteses, muito próxima disso, alguns andaram veiculando rumores de que o DEM, ou políticos de responsabilidade na legenda, admitiam a hipótese de fusão do DEM com o PSDB, melhor dizendo, de absorção do DEM pelo PSDB.
Isto, o líder democrata na Câmara dos Deputados, ACM Neto, descartou ontem, em entrevista em Recife. Fusão coisa nenhuma, garante ele. Este é um assunto que não está em pauta. Os dois principais partidos da oposição devem passar por uma renovação, cada um deles pela sua, e saírem por aí procurando gente nova para reforçar as duas legendas em suas bases.
Cada um dos partidos buscando seus próprios reforços renovadores nos setores com que tenham mais afinidade. Isto até 5 de outubro, quando termina o prazo para a filiação de candidatos às eleições municipais. Pois tudo isso ele defende que seja feito com a preocupação primeira de saírem fortalecidos das eleições municipais de 2012.
Está muito próximo dessas ideias o presidente estadual do Democratas, ex-deputado e ex-candidato a senador José Carlos Aleluia, que discorreu sobre o assunto no domingo, programa
“Entrevista coletiva”, da Rede Bandeirantes. É geralmente um bom programa, infelizmente relegado a horário tardio. Mas não entendo bem esse nome do programa, afinal há sempre apenas um entrevistador. E um entrevistado. Podia ser apenas “Entrevista”.
Aleluia explicou o que deseja para as oposições na Bahia e em Salvador, especialmente, em 2012: Uma coligação formada pelo DEM, PSDB, PMDB, PPS e PR, pelo menos. O candidato a prefeito seria de uma dessas legendas. A candidatura seria de oposição ao que está aí e o que está aí, Aleluia deixou claro, são Jaques Wagner e sua base e o prefeito João Henrique.
“O projeto político de Wagner é o mesmo projeto de João Henrique”, afirmou o presidente do DEM, significando, segundo entendi, que mesmo que o governador e o PT tenha candidato próprio e o prefeito tenha um outro candidato, digamos, João Leão, do PP, em essência o projeto político dessas duas forças é o mesmo.
E a oposição está aí, segundo quer o presidente do DEM, José Carlos Aleluia, para desafiá-lo e cumprir seu dever de se opor. E buscar a alternância no poder.
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