FONTE: Millos Kaiser, revistatrip.uol.com.br
O único time gay do país busca o fim da discriminação em campo e recebe novos jogadores.
O único time gay do país busca o fim da discriminação em campo e recebe novos jogadores.
O único time gay do país busca o fim da discriminação em campo e recebe novos jogadores.
“Que time é teu”, “bola nas costas”, “bola murcha”, “enfiadas”... O futebol é o reino das piadas de duplo sentido. E do preconceito também. Só isso para explicar o seguinte fato: temos a maior parada gay e o melhor futebol do mundo, mas, mesmo assim, as duas coisas parecem não se misturar muito bem por aqui – pelo menos, não publicamente.Érico Santos é presidente do CDG Brasil (o Comitê Desportivo das Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais brasileiro) e sempre foi esportista. “Jogo vôlei, handebol, fui fundista no atletismo... O que vier, eu jogo. No futebol, eu agarro”, ele diz, já pondo malícia na declaração. Há dois meses, o jovem, que à noite transveste-se de Anabela Balone, lidera uma empreitada para varrer a discriminação dos gramados e formar um time de futebol gay. A ideia surgiu quando ele soube da existência dos Los Dogos.
E quis marcar um amistoso contra o time multicolorido de nossos hermanos argentinos. Esse seria o pontapé inicial, para depois participarem do Gay Games, do Out Games e da Copa do Mundo Gay – todas competições do segmento. “Por falta de verba e organização interna, o CDG Brasil ainda não conseguiu enviar atletas para essas competições internacionais. O Gay Games até tem um fundo internacional para custear as viagens de atletas de países em desenvolvimento, mas o Brasil não está na lista”, lamenta Érico.Até o momento, o time conta com sete jogadores, dos quais cinco toparam mostrar as caras para a reportagem da Trip. Eles souberam da iniciativa através de cartazes que Érico espalhou pelos cantos GLS da cidade, convocando homossexuais, transexuais e simpatizantes a mostrarem seus dons com a bola. Nenhum deles têm experiência profissional no esporte, no máximo jogam peladas com amigos, mas aderiram à causa vislumbrando uma mudança que ultrapassa o muro dos estádios. “Queremos mostrar para a sociedade que o gay é um homem normal e quebrar esse estereótipo de que todo gay é afeminado. Fazemos tudo que os outros homens fazem, inclusive jogamos bola. Só muda o que fazemos na cama”, defende Rafael, estudante de direito.
BOI PRETO.
Para Rafael e seus companheiros, não dá dúvidas: homossexualismo é, sim, tabu, especialmente no futebol. Uma das provas do preconceito sofrido estaria no futebol feminino, que, na opinião deles, por ser predominantemente lésbico, sofre com a falta de apoio e patrocínio. “O brasileiro de forma geral e as torcidas acham que futebol é coisa de macho. As mães colocam o filho na escolinha com isso na cabeça, achando que não existe jogador gay. Mas a gente sabe que existem vários, vemos na noite”, provoca Márcio Santos. Também conhecido como a drag Márcia Pantera, ele foi jogador profissional de vôlei pela equipe Suzano e povoou as páginas de fofocas quando alardeou ter tido um caso com Edson Celulari, no começo da década de 90. Nem ele nem os outros citam nomes, mas juram ter cruzado com jogadores profissionais nas boates Canto e A Lôca e na sauna 269, todos pontos declaradamente gays. “Boi preto reconhece outro boi preto”, sintetiza Rafael. E, para Márcio, não há dúvidas: Richarlyson é, sim, boi preto. Márcio e outros cinco da equipe são torcedores do time do meia do São Paulo. Só Érico é corintiano.E as posições em que cada um vai jogar, já estão definidas? Márcio faz graça: “Não tenho preferência, gosto de todas. Eu posso atacar, tenho um movimento de atacante. Você me defende?”, pergunta ao repórter. O uniforme ainda não está pronto. “Deveria ser Dolce & Gabbana”, sonha Fernando. Mas esse e outros percalços os rapazes resolvem com bom humor e a esperança de que, num futuro próximo, os gramados verdes tornem-se um pouco mais coloridos.
PONTO PARA OS HERMANOS.
Os argentinos já ganharam mais mundiais de futebol do que o Brasil. Não, você não leu errado. É isso mesmo, pelo menos na Copa do Mundo de Futebol Gay. Enquanto nós nem sequer tivemos um representante na competição, nossos vizinhos do Los Dogos (foto) já até levantaram a taça de campeão quando sediaram o torneio em 2007. Quem banca o time é a DAG (Deportistas Argentinos Gay), entidade equivalente à CDG Brasil, mas que usufrui de mais apoio, estrutura e verba. A seleção é uma das favoritas para o Gay Games deste ano, torneio que será realizado em Colônia, na Alemanha, entre 31 de julho e 7 de agosto.
“Que time é teu”, “bola nas costas”, “bola murcha”, “enfiadas”... O futebol é o reino das piadas de duplo sentido. E do preconceito também. Só isso para explicar o seguinte fato: temos a maior parada gay e o melhor futebol do mundo, mas, mesmo assim, as duas coisas parecem não se misturar muito bem por aqui – pelo menos, não publicamente.Érico Santos é presidente do CDG Brasil (o Comitê Desportivo das Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais brasileiro) e sempre foi esportista. “Jogo vôlei, handebol, fui fundista no atletismo... O que vier, eu jogo. No futebol, eu agarro”, ele diz, já pondo malícia na declaração. Há dois meses, o jovem, que à noite transveste-se de Anabela Balone, lidera uma empreitada para varrer a discriminação dos gramados e formar um time de futebol gay. A ideia surgiu quando ele soube da existência dos Los Dogos.
E quis marcar um amistoso contra o time multicolorido de nossos hermanos argentinos. Esse seria o pontapé inicial, para depois participarem do Gay Games, do Out Games e da Copa do Mundo Gay – todas competições do segmento. “Por falta de verba e organização interna, o CDG Brasil ainda não conseguiu enviar atletas para essas competições internacionais. O Gay Games até tem um fundo internacional para custear as viagens de atletas de países em desenvolvimento, mas o Brasil não está na lista”, lamenta Érico.Até o momento, o time conta com sete jogadores, dos quais cinco toparam mostrar as caras para a reportagem da Trip. Eles souberam da iniciativa através de cartazes que Érico espalhou pelos cantos GLS da cidade, convocando homossexuais, transexuais e simpatizantes a mostrarem seus dons com a bola. Nenhum deles têm experiência profissional no esporte, no máximo jogam peladas com amigos, mas aderiram à causa vislumbrando uma mudança que ultrapassa o muro dos estádios. “Queremos mostrar para a sociedade que o gay é um homem normal e quebrar esse estereótipo de que todo gay é afeminado. Fazemos tudo que os outros homens fazem, inclusive jogamos bola. Só muda o que fazemos na cama”, defende Rafael, estudante de direito.
BOI PRETO.
Para Rafael e seus companheiros, não dá dúvidas: homossexualismo é, sim, tabu, especialmente no futebol. Uma das provas do preconceito sofrido estaria no futebol feminino, que, na opinião deles, por ser predominantemente lésbico, sofre com a falta de apoio e patrocínio. “O brasileiro de forma geral e as torcidas acham que futebol é coisa de macho. As mães colocam o filho na escolinha com isso na cabeça, achando que não existe jogador gay. Mas a gente sabe que existem vários, vemos na noite”, provoca Márcio Santos. Também conhecido como a drag Márcia Pantera, ele foi jogador profissional de vôlei pela equipe Suzano e povoou as páginas de fofocas quando alardeou ter tido um caso com Edson Celulari, no começo da década de 90. Nem ele nem os outros citam nomes, mas juram ter cruzado com jogadores profissionais nas boates Canto e A Lôca e na sauna 269, todos pontos declaradamente gays. “Boi preto reconhece outro boi preto”, sintetiza Rafael. E, para Márcio, não há dúvidas: Richarlyson é, sim, boi preto. Márcio e outros cinco da equipe são torcedores do time do meia do São Paulo. Só Érico é corintiano.E as posições em que cada um vai jogar, já estão definidas? Márcio faz graça: “Não tenho preferência, gosto de todas. Eu posso atacar, tenho um movimento de atacante. Você me defende?”, pergunta ao repórter. O uniforme ainda não está pronto. “Deveria ser Dolce & Gabbana”, sonha Fernando. Mas esse e outros percalços os rapazes resolvem com bom humor e a esperança de que, num futuro próximo, os gramados verdes tornem-se um pouco mais coloridos.
PONTO PARA OS HERMANOS.
Os argentinos já ganharam mais mundiais de futebol do que o Brasil. Não, você não leu errado. É isso mesmo, pelo menos na Copa do Mundo de Futebol Gay. Enquanto nós nem sequer tivemos um representante na competição, nossos vizinhos do Los Dogos (foto) já até levantaram a taça de campeão quando sediaram o torneio em 2007. Quem banca o time é a DAG (Deportistas Argentinos Gay), entidade equivalente à CDG Brasil, mas que usufrui de mais apoio, estrutura e verba. A seleção é uma das favoritas para o Gay Games deste ano, torneio que será realizado em Colônia, na Alemanha, entre 31 de julho e 7 de agosto.
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