FONTE: Jolivaldo Freitas, TRIBUNA DA BAHIA.
Claro que todo mundo – até mesmo o pessoal que vive do Bolsa Família e que portanto vota em Dilma desinteressadamente – sabe que Zerésima é aquele negócio que o presidente do Tribunal Regional Eleitoral faz quando minha amiga Cecê Cesaltina, que vem a ser a assessora de Comunicação do tribunal, manda ele fazer, com o intuito de mostrar que as urnas estão “zeradas”, sem voto nenhum marcado, daí, tcham tcham tcham tcham a “Zerésima”, fui claro ou tá difícil?
Nos tempos idos em que nem eu era nascido ou talvez nascido, mas não tão vivido; quando não havia esse negócio de informática, internética, cibernética e outras éticas, o negócio era mais embaixo. O voto era depositado numa urna de pano e madeira e quando terminava tinha um cabra que a levava de qualquer lugar da Bahia, mesmo lá dos cafundós de Judas, como por exemplo o era Paulo Afonso, Quijingue, Juazeiro e Sento Sé, debaixo do braço para entregar na sede do TRE.
O resultado das eleições levava dias para se saber e era até mais interessante, pois a expectativa era imensa e durante dias o povo discutia voto a voto, o candidato que não tinha o coração bom enfartava e passava desta para uma melhor, ao mesmo tempo que seu passamento abria vaga para seu suplente, tanto que tinha suplente que não esperava o desiderato do destino e ele mesmo dava um jeito de acelerar o processo de suplência, com pólvora e bala ou feitiço e mandinga.
Principalmente praquelas bandas de Santa Maria da Vitória ou em Barreiras – e até mesmo na microrregião de Irecê – onde só ia quem era macho – onde candidato tinha de ter corpo fechado para enfrentar os coronéis ou era ele mesmo um coronel de patente e burra cheia de prata.
Voto era mesmo de cabresto – embora o Bolsa Família seja uma espécie de cabresto coletivo, vez que o PT deixa claro que se Dilma perder vai acabar o bem e bom de ganhar uma graninha, mesmo que pouca, mas que com as cestas básicas terminam por aliviar o bucho e a bolsa dos pobres – e quem não rezava conforme o terço ou dançava conforme a música..., dançava. Ia votar no capeta lá nas bandas do inferno, embora aqui mesmo Itaberaba, Alagoinhas e Xique Xique fossem a sucursal da casa do Demo.
Muitas das vezes o cabra que trazia as urnas para entregar no TRE não chegava. Sumia pelo sertão afora e as urnas desapareciam como mágica, a depender de quantos votos tinham contra o dono do pedaço. Ou o responsável pela viagem das urnas carregava lacres reservas no bolso e ganhando uma graninha aqui e outra ali cuidava de abri-las e enxertar uns votos a “pedido” de um coronel, um prefeito um governador.
Até o advento das urnas eletrônicas não tinha uma eleição em que não tivesse mais urnas que eleitores. Até mesmo lá na cidade da minha amiga, a desembargadora Adna Aguiar - que vem a ser Acajutiba -, tinha mais eleitores do que gente e minha colega Mara Campos, hoje assessora da prefeita Moema Gramacho, não me deixa mentir por ser de lá do sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato.
Hoje fica fácil, com a informática, a internet e o computador a serviço das TIs e do eleitor. Todo mundo vota durante o dia e na boca da noite já se sabe quem ganhou ou perdeu. E foi o que causou estranheza ao professor Rui, Heraldo Rocha, Paulo Souto, Geddel, César Borges ao meu amigo Maguila e a Bronca quando as urnas começaram a despejar os votos e nada. Todos estavam a zero. Foi uma zerésima geral. Deve ter dado tilt no sistema.
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