Nada é mais primitivo na selva urbana do que a atitude de conferir à responsabilidade e à solidariedade o peso da barganha. É interessante observar como alguns transformam o simples ato de cumprirem com as obrigações pelas quais percebem uma remuneração, em situações por vezes muito constrangedoras. É um tal de se auto-atribuir poderes e influência para solucionar problemas, que seria hilário se não fosse deprimente.
Como se não bastasse a obrigatoriedade de cumprir com um ritual insano de ajuntamento de papéis ainda tem mais essa, e não é de hoje! Talvez isto explique porque gente já falecida ainda receba o benefício da aposentadoria – já imaginaram se tivessem que encarar a fila do INSS?
Definitivamente, o nosso serviço público – e privado também – é uma vergonha, começando pela maneira como é gerenciado e terminando na contratação e manutenção de pessoas sem condição nenhuma de entender a magnitude, a importância e, sobretudo, a competência necessária para viabilizar, tanto para o Estado quanto para o cidadão, os meios para uma convivência selada pelo respeito e pela justiça.
"Dessa vez vou quebrar o seu galho" (ou melhor, vou usar dos meios que conheço, da influência que tenho, do jeitinho que sei dar) e , etc.."
Como vivemos praticamente a maior parte do tempo dependendo destes serviços, este jargão, que nem sequer deveria ser uma exceção, é prática sacramentada em comportamentos dignos de demissão.
Contudo, a falha é nossa em não exigir que a alocação dos nossos recursos financeiros se torne benefícios como excelente qualidade de atendimento em todos os setores públicos e ao consumidor, bem como, agilidade na resolução de problemas, haja vista que reunimos as condições adequadas para isso, já que nos submetemos à mais alta carga tributária e de juros do mundo.
Amizade , interesse sincero e despojado em ajudar, colaborar, contribuir e se doar têm se tornado cada dia mais um produto raro nas trocas humanas, sob todos os aspectos.
Que momento terrível este que estamos vivendo; de indiferença, de presunção, desprezo e relaxo não só para com os bens coletivos e sociais, mas para a consolidação democrática de condutas politicamente corretas.
Não há como legitimar uma nação forte fundamentando-a em pilares frágeis de defesa dos interesses e necessidades que a integram, mas sim no equilíbrio e mescla destes componentes como forma de contraposição ao conformismo e à corrupção.
Pior do que ter que contar com alguém que “quebre o galho” é agir de igual modo, mesmo sabendo que não é está a postura que se espera de um cristão, que tem por promessa viver regaladamente do fruto do suor de seu trabalho.
Isto porque o que está em pauta não são as estratégias e o esforço embasados na ética que permeia as negociações e que são, inclusive, ensinados na formação profissional acadêmica.
Desenvoltura, articulação, cultura, segurança e participação são características bastante requisitadas pelo mercado de trabalho, logo, causa enorme indignação verificar que o serviço público e de algumas empresas ainda não tenha revisto de alto a baixo os seus quadros.
A quem será que interessa manter este grupo tão oposto dentro de uma organização? Só mesmo aqueles que dele participam talvez tenham alguma teoria sobre o porquê de tantos bons profissionais estarem desempregados em detrimento de tantos incompetentes velados terem emprego garantido.
Mas, pior mesmo que constatar a existência da "lei do quebra-galho" é ver como "pisam em ovos" para lidar com esta casta.
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