quarta-feira, 20 de outubro de 2010

MÉDICO QUER EXAME PARA DETECTAR SUPERBACTÉRIA...

FONTE: Adriano Villela, TRIBUNA DA BAHIA.
“Quem garante que os hospitais baianos não têm surto da KPC?”. Com esta indagação, o presidente da Sociedade Baiana de Infectologia, Adriano Oliveira, defendeu a realização de exames de detectação da superbactéria, que este ano já acometeu 135 pessoas no Distrito Federal, causando 15 óbitos. O exame é caro e requer recolhimento de material genético do paciente.
O médico contou já ter vistos casos que sugeriram a presença da Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase na Bahia.
Adriano Oliveira afirmou que a situação de Brasília é mais grave, mas não é possível dizer se a superbactéria está mais presente agora ou surgiu com mais força quando os hospitais passaram a testar mais a sua prevalência.
“A falta do exame não é um problema de Bahia, mas de país. Em todo lugar é assim”, lamenta o representante da SBI. Oficialmente, o estado não tem registro desta doença. No Distrito Federal, a primeira ocorrência foi em janeiro deste ano. No país, o caso primeiro aconteceu em Recife (PE), há quatro anos.
Normalmente inofensiva em seu estado natural, a Klebsiella se torna resistente a praticamente todos os antibióticos conhecidos quando sofre mutação. Sua prevenção envolve basicamente duas frentes: controle na administração de antibióticos e higienização no ambiente hospitalar. “A bactéria é um ser altamente capaz de criar mecanismos de defesa.
Na medida em que sofre a agressão do antibiótico, morrem milhões, mas sobrevivem algumas. Como essa seleção natural, quando o remédio é usado de novo não tem mais efeito”, ensina Oliveira.
ACOMPANHANATES - Segundo o infectologista Claudílson Bastos, do Hospital da Sagrada Família, a prevenção à doença passa por um trabalho mais efetivo das comissões de controle de infecção dos hospitais.
“Essas comissões devem analisar imediatamente pacientes vindos de outras instituições de saúde ou proveniente de atendimento hospitalar”, orienta. Bastos recomenda reavaliação dos antibióticos prescritos nos hospitais, exigência na venda deste tipo de remédio pelas farmácias e, claro, nada de auto- medicação.
Outra preocupação, conforme Claudílson Bastos, é a transmissão cruzada, em que o profissional de saúde carrega consigo a bactéria após atender um paciente infectado. O infectologista reforça o alerta dados por outros médicos quanto a necessidade de se higienizar bem as mãos.
“Quanto mais demorada a intervenção, a lavagem das mãos deve ser mais cuidadosa. É um item simples que, quando bem feito, traz grandes benefícios”, pontua. Devem ser limpas todas as partes da mão - polegar, palma, articulação, dorso, unhas e extremidades. No atendimento de emergência, em que o tempo para a lavagem das mãos é menor, o álcool gel é uma alternativa.
Estes procedimentos também devem ser respeitados por familiares e acompanhantes dos pacientes. De acordo com Bastos, o contato com alguém infectado por KPC não cria riscos de se contrair a doença –que normalmente atinge imunocomprometidos, como idosos, portadores de diabéticos, internados em UTI, etc. Porém, a pessoa pode carregar a bactéria que acometerá novos pacientes.
Adriano Oliveira vai mais além. Ele considera possível a presença da KPC em áreas de fora dos hospitais. Ele frisa que as enzimas beta-lactamaese (ESBL), de ação parecida com as KPC, são encontradas em áreas comunitárias.

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