FONTE: Roberta Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.
Todos os dias, mais de 10 mil pessoas deixam a capital baiana e se arriscam nas estradas com destino a outros estados e municípios, utilizando o transporte rodoviário.
A partir do próximo mês, o número de viagens tende a aumentar, devido ao período de alta estação e pode ultrapassar os 45 mil embarques diários, segundo estimativas do Terminal Rodoviário de Salvador. Com o aumento da procura por passagens de ônibus, crescem também os riscos nas rodovias baianas.
De janeiro a setembro, deste ano, 61 ônibus foram assaltados nas estradas, contabilizando mais de 1,5 mil vítimas desta prática criminosa, de acordo com dados da Associação de Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário (Abemtro).
“Na grande maioria das vezes, o bandido entra no ônibus, no meio do caminho, como se fosse um passageiro e minutos depois anuncia o assalto, em outros casos ele se aproveita de algum obstáculo (como um quebra-molas, por exemplo) e dá redução da velocidade, para interceptar o ônibus e praticar o delito”, conta Edimar Ribeiro, diretor executivo da Abemtro, que cataloga as ocorrências desde 2007.
Após o primeiro ano de registros, Ribeiro notou um significativo aumento do número de casos, mas, segundo ele, as ocorrências estão em queda, desde o ano passado. “Em 2007, 149 ônibus foram assaltados, em rodovias, no ano seguinte, em 2008, aumentou para 168, mas, logo em seguida caiu para 86 assaltos, em 2009 e agora, 61, de janeiro a setembro de 2010”, ressalta.
Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 58, para 61 assaltos, o que, segundo ele, não é considerado um salto expressivo. “Estamos observando uma queda do número de casos, ano a ano e isso se deve a atuação da Polícia”, diz se referindo às polícias rodoviária Estadual (PRE) e Federal (PRF). “Quando identificamos quais são os locais mais propícios a este tipo de crime e a maneira como os assaltantes agem, conseguimos ajudar a Polícia a prender os bandidos”, diz.
Seguir viagem em comboios e evitar parar em lugares ermos são algumas das estratégias utilizadas pelos motoristas, para driblar os assaltantes, mas, que nem sempre funcionam. “Eles sempre encontram uma forma de surpreender”, diz.
A rodovia mais visada pelos bandidos e que ainda registra o maior número de casos é a BR-324, seguida pela BR-110 e BR- 116 e RR-101. “Na 110, próximo à entrada da cidade de Sátiro Dias, onde tem um quebra-molas, ocorrem muitos casos”, alerta. O perigo nas estradas tem levado muitas empresas a instalarem equipamentos de seguranças dentro dos veículos. “Mais de 50% da frota já possui câmaras e outros mecanismos de segurança eletrônicos”, garante.
A partir de novembro, a procura por passagens deve aumentar na rodoviária, conforme expectativa de Adevaldo Santos, diretor operacional da Sinart, empresa que administra o terminal desde a sua construção, há 36 anos. “Por conta da eleição, ente ano, já estamos com uma maior movimentação no terminal, mas, mês que vem o esperado, baseado em dados históricos, é que o número de embarques cresça, em novembro, pelo menos 10% e nas festas de fim de ano até 30%”, calcula.
As áreas mais procuradas, segundo ele, são as cidades do recôncavo baiano. “Porto Seguro, Juazeiro, Canavieiras, Irecê, Cachoeira e Santo Amaro são muito requisitadas neste período”, diz.
Por conta da maior demanda, as polícias rodoviárias tendem a reforçar a segurança, nas estradas. O Batalhão de Polícia Rodoviária é a unidade especializada da Polícia Militar da Bahia que atua nas rodovias estaduais e federais delegadas ao Departamento de Infraestrutura e Transportes da Bahia (DERBA).
A PRE atua em mais de 14 mil quilômetros de rodovias, com o emprego de seus 572 policiais militares, na prevenção de crimes, através das suas seis companhias rodoviárias, especialmente o TOR (Tático Ostensivo Rodoviário), que é uma companhia tática de enfrentamento a crimes, composta por 51 homens. Os policiais fazem abordagens com vistas à apreensão de armas, drogas e tráfico de pessoas.
O comandante José Gracindo França Peixinho explica que “devido à extensão territorial não é possível estar em todos os pontos das rodovias, entretanto, o Batalhão atua preventivamente por meio de operações itinerantes de abordagens, em vários pontos das rodovias, em horários variados, especialmente, à noite, quando há mais incidência de crimes de roubo a ônibus”.
A inspetora Mércia Oliveira, chefe do núcleo de comunicação da PRF lembra que a maioria dos assaltos ocorre próximo aos grandes centros. “Eles assaltam e fogem para as cidades”, diz, apontando a entrada de Feira de Santana, como um dos locais mais propícios a este tipo de crime. Este ano a PRF já prendeu oito assaltantes de ônibus nas rodovias federais do estado.
VIAGENS DE ÔNIBUS JÁ CAÍRAM MAIS DE 30% NOS ÚLTIMOS ANOS.
Seja em razão dos riscos ou graças à praticidade – e facilidade – das viagens de carro e avião, os ônibus têm sido deixados de lado, nos últimos anos. Com isso a rodoviária de Salvador já perdeu mais de 30% do seu público e funciona – com exceção de algumas datas festivas – com uma capacidade de operação maior que a demanda.
Seja em razão dos riscos ou graças à praticidade – e facilidade – das viagens de carro e avião, os ônibus têm sido deixados de lado, nos últimos anos. Com isso a rodoviária de Salvador já perdeu mais de 30% do seu público e funciona – com exceção de algumas datas festivas – com uma capacidade de operação maior que a demanda.
Quem explica é Reinaldo Góes, diretor da Sinart. “Em 1986 era comum embarcarem 700 ônibus num só dia, hoje, este número não chega a 500”. A atuação, cada dia maior, dos transportes clandestinos é apontada por ele, como uma das causas desta evasão. Atualmente, 30 empresas têm licença para operar no terminal de Salvador, com linhas metropolitanas, intermunicipais, interestaduais e uma internacional, para Assunção, capital do Paraguai.
Atualmente cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcam, diariamente, em uma das duas plataformas do terminal e cerca de 20 a 22 mil circulam pelo complexo, o que são considerados números baixos. “O maior movimento ocorre apenas em datas festivas e no São João é quando temos o maior número de partidas e chegadas”, diz.Segundo Góes, na Semana Santa, o Natal e o Ano Novo, também são registrados aquecimentos expressivos, chegando a embarcar até 35 mil pessoas/dia e no Carnaval, 25 mil.
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