FONTE: IVAN DE CARVALHO, TRIBUNA DA BAHIA.
No momento em que escrevo este artigo, ainda não estão encerradas as apurações para governador e presidente, além de para os demais mandatos. Por exigência dos setores técnicos e industriais do jornal, não dá para esperar até o resultado final e temos de nos basear, com os devidos cuidados, ainda em resultados parciais. Daí nos perdoe o leitor eventuais e indesejadas escorregaladas.
Mas se alguma ocorrer, estarei em honrosa e importante companhia. Pois grandes escorregadelas, do alto de seus sapatos de saltos altos, com quedas daquelas que dão pena, mas ao mesmo tempo obrigam a involuntárias gargalhadas até pela surpresa, deram duas pessoas jamais vistas iguais neste país.
Uma delas, “o cara do cara”, segundo ele mesmo se qualificou na semana passada ante os eufóricos petroleiros que o festejavam na Bahia. A outra pessoa, o poste que do “cara do cara” recebeu o sopro que, primeiro, lhe deu o nome de Mãe do PAC, depois, lhe deu alma de candidata favorita, agora “supostamente favorita”, a presidente da República.
Estava tudo pronto para uma eleição presidencial plebiscitária e para a vitória definitiva já no primeiro turno, dispensando-se assim o segundo. A linguagem recente da campanha de Dilma, apesar daquelas formais declarações sobre “não subir no salto alto”, era exatamente a linguagem de quem usava saltos Luiz XV – dava até para ouvir aquele toc, toc, toc, quando um dos dois personagens passava.
Aí, a grande lição. O eleitorado desmanchou a eleição plebiscitária, gerando o fenômeno Marina Silva. A doce jaguatirica morena tirou votos do tucano Serra e da petista Dilma, mais desta, principalmente no final da campanha, e criou uma terceira candidatura consistente, apesar do tempo escasso, melhor diria esquálido, de que dispunha na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão e também apesar do seu partido nanico, quase burocrático e com uma dissidência adesista, ainda que minoritária.
Por conta disto e por algumas outras coisas que estão “soltas no ar” – tipo liberação do aborto e de certas drogas hoje ilícitas, dentre outras coisas, gerando reação negativa da Igreja Católica e de amplos setores das igrejas evangélicas – a candidata oficial a presidente perdeu votos no final da campanha, que entrou num clima de quase-pânico, pois o planejamento político governista, para tranquilidade imediata e melhor proveito em eventuais eleições em segundo turno para governadores de estados, requeria a vitória final já no primeiro turno.
O debate dos problemas do país em segundo turno, com dois candidatos com tempo igual no rádio e televisão, será benéfico ao país, na medida em que obrigue os contendores a se definirem claramente sobre certos assuntos, sem mentir, sem enganar. O eleitorado, não tenho a menor dúvida, tendo em conta a conjuntura e as circunstâncias, votou com sabedoria, ontem. Os institutos de pesquisa não tiveram a competência para medir bem os movimentos do eleitorado a partir de uns dez a doze dias antes das eleições.
Na Bahia, pequenas surpresas. Como as pesquisas eleitorais anunciavam, não haverá o segundo turno para governador. O governador Jaques Wagner, candidato à reeleição, produziu uma pequena surpresa, inclusive para ele próprio, que ainda ontem trabalhava com estimativa de 60 por cento dos votos válidos e conseguiu superar esta marca.
Surpresa um pouco maior foi a produzida pela votação dada ao senador César Borges, muito inferior ao que estimavam as pesquisas eleitorais, inclusive as feitas na semana das eleições. Foi o erro crasso dos institutos de pesquisa na Bahia.
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