quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ANDORINHAS E VERÃO...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
Os integrantes do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa elegeram ontem, em votação secreta, os quatro deputados que, na opinião da maioria deles, mereceram ser distinguidos com o troféu “Destaque Parlamentar”, concedido a parlamentares de melhor desempenho durante o ano, no caso, 2010.
Só para complementar a notícia. Se algum deputado conseguir a proeza de ser eleito “Destaque Parlamentar” em todos os quatro anos de uma Legislatura, ele, além de ganhar os quatro troféus correspondentes anualmente a esse título de “Destaque Parlamentar”, será distinguido com o Prêmio Ruy Barbosa.
Como na atual e findante Legislatura isso aconteceu com dois deputados, o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo, e o deputado Heraldo Rocha, do DEM e líder da oposição durante os dois últimos anos da Legislatura, ambos ganharam também o Prêmio Ruy Barbosa.
Provavelmente, esta será uma notícia a ser dada, com alguma ou sem nenhuma foto, discretamente, em nota de dois parágrafos nas páginas políticas dos jornais e a ocupar algumas frases em noticiários de emissoras de rádio. Não sei se as emissoras de televisão chegarão a mencionar o assunto. Blogs e sites baianos de jornalismo certamente dedicarão algumas linhas ao registro do fato, mas com discrição semelhantes à dos demais veículos.
Por votação também secreta, no plenário da Assembleia, os deputados vão conferir os prêmios Quintino de Carvalho, Wilson Menezes e Armando Lobracci, respectivamente, aos que, na opinião dos parlamentares, hajam feito a melhor cobertura dos trabalhos da Assembleia na imprensa escrita, no rádio e televisão e nos veículos (sites e blogs) da Internet.
E, mais uma vez, o noticiário a respeito será bem discreto em todos os setores da mídia. Neste caso, com razão e obediência ao bordão de que “jornalista só é notícia quando morre”. Essa regra comporta raríssimas exceções, mas não no caso em foco. Seria o caso se algum jornalista tivesse cerceada a sua liberdade de expressão, de imprensa, ou sido alvo de ataque, represália, ameaça ou pressão por exercer essa liberdade.
No entanto, a pouca atenção da mídia à escolha dos melhores deputados a cada ano decorre de fatores diferentes. É que o Poder Legislativo, e especialmente os Legislativos estaduais e municipais, perderam – seja pela legislação draconianamente restritiva de suas atribuições, seja por decisão própria de suas maiorias de submissão ao Poder Executivo – a maior parte de sua influência real. Vivem mais nas esferas da fantasia e da formalidade. Assim tem sido durante décadas seguidas, com apenas um ou outro momento que não se enquadra nesse modelo.
No entanto, ao meu ver, pelo menos, erra a mídia quando – na sua função de informar a sociedade e ao mesmo tempo fornecer-lhe elementos de avaliação e captar dela o pensamento a ser expresso – ignora a importância dos esforços e méritos de certo número de parlamentares que não se enquadram na geleia geral e que, até pelo resultado da votação, vão além dos quatro mais votados e, por isto, eleitos e aqui nomeados.
Talvez seja hora de entender que está errado aquele velho ditado popular de que “uma andorinha só não faz verão”. Claro que faz, pelo menos na história humana. Para o bem e para o mal. Buda fez. Ciro fez. Moisés fez. Júlio César fez. Jesus fez. Maomé fez. Lutero fez. São Francisco de Assis fez. Marx fez. Lênin fez. Hitler fez. Stalin fez. Mao Tse-tung também. João Paulo II fez. Gorbachev fez. Yeltsin fez.
Parece (tive essa ideia agora) que a história é conduzida por “andorinhas” que resolvem voar de modo diferente das outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário