FONTE: DA REUTERS (www1.folha.uol.com.br).
O médico britânico Andrew Wakefield, que publicou estudos ligando vacinas com autismo e acabou caindo em desgraça, cometeu uma "fraude elaborada" ao falsificar dados, afirmou a "British Medical Journal".
Os editores da publicação disseram não ser possível que Wakefield tenha cometido um erro e que ele deve ter falsificado dados para seu estudo, o qual convenceu milhares de pais de que as vacinas são perigosas, fato que motivou o avanço de surtos de caxumba e sarampo.
A publicação, conhecida por suas iniciais, BMJ, endossou suas afirmações com uma série de artigos de um jornalista, que se valeu de registros médicos e entrevistas para mostrar que Wakefield falsificou dados.
A reportagem descobriu que Wakefield, que incluiu informações de apenas 12 crianças em sua pesquisa, estudou pelo menos 13 e diversas mostraram sintomas de autismo antes de terem sido vacinadas.
O temor de que a vacinação pudesse causar autismo levou pais a deixarem de levar as crianças para receber as doses e também resultou em custosas reformulações de várias vacinas.
"Quem perpetrou essa fraude? Não há dúvida de que foi Wakefield", disseram a editora da BMJ, dra. Fiona Godlee, a subeditora Jane Smith e o editor associado Harvey Marcovitch em um artigo, disponível no site http://www.bmj.com/content/342/bmj.c7452.
Em 1998, a publicação médica The Lancet, rival da BMJ, apresentou um estudo de Wakefield e colegas relacionando a vacina Tríplice Viral-MMR (contra sarampo, caxumba e rubéola) com o autismo.
Os outros pesquisadores retiraram seu nome do estudo e a Lancet se retratou formalmente em sua edição impressa, em fevereiro.
Wakefield nega as acusações.
"O estudo não é uma mentira. As descobertas que fizemos foram reproduzidas em cinco países", disse Wakefield à TV CNN na quarta-feira.
Um painel disciplinar do Conselho Geral Médico Britânico afirmou em fevereiro passado que Wakefield havia apresentado sua pesquisa de modo "irresponsável e desonesto" e levou a profissão médica ao descrédito.
A editora Godlee e colegas afirmaram que o trabalho "foi baseado não em má ciência, mas em fraude deliberada."
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