quarta-feira, 1 de junho de 2011

AINDA A SUCESSÃO MUNICIPAL...

Ontem comentei neste espaço o cenário atual da sucessão municipal de Salvador, tendo como núcleo do que escrevi a correria no PT – formalmente, de seu Diretório Municipal – para sagrar (não confundir com sangrar, que não é o caso mesmo) o deputado Nelson Pelegrino como candidato do partido à sucessão do prefeito João Henrique.


Foram abordadas essa corrida, antes dela as pedras postas na pista, as causas da corrida, o comportamento político do governador Jaques Wagner, avaliado por atitudes, discretas declarações, silêncios estudados e presumíveis orientações transmitidas ao partido por intermédio do seu fiel escudeiro e presidente estadual da legenda, Jonas Paulo.


Só para um ou outro leitor com déficit de atenção, repito a minha percepção de que o governador terá observado um corre-corre de aspirantes a prefeito de outros partidos que não o seu para ocuparem os espaços político-eleitorais na disputa pela prefeitura.


E terá observado também que tal movimentação ocorre tanto fora quanto dentro da aliança partidária que apoia seu governo. E aí incomodam especialmente a candidatura ostensiva da deputada Alice Portugal, do PCdoB, e a suposta candidatura até aqui disfarçada do deputado federal João Leão, do PP e chefe da Casa Civil do prefeito João Henrique.


Então, mesmo havendo ainda problemas no PT em relação à candidatura de Pelegrino – incluindo um problema chamado Articulação de Esquerda, que tenta pôr o deputado Valmir Assunção na disputa, podendo isso forçar a realização de prévias na legenda –, o governador terá dado sinal verde para o diretório nacional dar a partida para a corrida petista atrás do prejuízo, por causa do atraso em relação a outros.


Quanto a essas coisas, por enquanto pelo menos, nada a alterar. Mas na abordagem das coisas do outro lado, da oposição, convém fazer uma importante reconsideração. Não desmanchar completamente o que escrevi, mas acrescentar elementos essenciais em relação ao Democratas, ao PSDB e ao PMDB.


Foi dito que, enquanto o PMDB não se manifestara (e realmente ainda não o fez), o Democratas e o PSDB já estavam com um caminho definido – o líder do DEM na Câmara dos Deputados, ACM Neto, ou o presidente estadual do partido, José Carlos Aleluia, eram as alternativas postas para a oposição. O candidato a prefeito seria um ou outro, em coligação com o PSDB. Mas o cenário oposicionista é mais amplo e mais complexo.


Primeiro: ACM Neto parece o melhor nome da oposição para prefeito e já declarou que não pretende disputar novo mandato parlamentar. Ele parece se preparar para jogar sua cartada decisiva – e ela bem possivelmente não será uma segunda tentativa de ser eleito prefeito de Salvador.


Ele poderá (não digo que necessariamente o fará, mas é uma coisa lógica, a não ser que a vitória para prefeito se apresentasse praticamente garantida) evitar a hipótese de um segundo insucesso em eleição para a prefeitura de Salvador e resolver apostar no joga mais alto – a candidatura a governador em 2014.


Neste caso é que o DEM teria a oferecer o nome de seu presidente estadual e ex-deputado federal José Carlos Aleluia, que foi candidato a senador em 2010. Aleluia sempre teve um desejo de disputar a prefeitura da capital. E, mesmo perdendo, se perder, terá ganho, com a visibilidade da campanha majoritária na capital, o que lhe facilitaria a eleição para o Congresso em 2014.


Ocorre que há um outro elemento nessa equação – o deputado federal e ex-prefeito Antonio Imbassahy, do PSDB. Tendo sido prefeito muito bem avaliado durante oito anos e disputado depois o Senado e em seguida a própria prefeitura (sem êxito nos dois casos, mas em circunstâncias politicamente cruéis), estaria bem à frente de Aleluia quanto ao preparo para a tentativa da oposição de eleger o prefeito.


E o PMDB? Bem, eu – como muitas outras pessoas – apostaria que a aposta de Geddel Vieira Lima não é a candidatura dele a prefeito. Mas talvez queira indicar (quer dizer, que o PMDB indique) o candidato a vice-prefeito de uma coligação PSDB-DEM-PMDB e tal. Há quem pense, para este caso, em Almir Melo, ex-secretário de Transportes e Infraestrutura de Salvador, muito ligado a Geddel.

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