sexta-feira, 10 de junho de 2011

O CENÁRIO NA OPOSIÇÃO...

Numa primeira olhada ao cenário político baiano, até por impulso se pensaria, para as eleições de 2014, já com um importante ensaio nas eleições municipais do ano que vem, principalmente em Salvador, numa aliança oposicionista formada, pelo menos, e tendo em conta somente as legendas mais expressivas da oposição no estado, uma aliança envolvendo o PMDB, o DEM, o PSDB, o PR e o PPS.


Mas isso é só numa primeira olhada, embora não se possa descartar que uma tendência descortinada em um simples relance venha a tornar-se uma realidade objetiva tempos depois, valendo para 2012 e, com possibilidades ainda maiores, para 2014.


Numa segunda olhada, as dificuldades começam a se apresentar. É bem natural que o Democratas, o PSDB e o PPS estejam coligados para as eleições majoritárias do futuro prefeito de Salvador, no ano que vem, e também do sucessor do governador Jaques Wagner. É o caminho natural desses três partidos.


Para a prefeitura, o DEM tem duas alternativas possíveis em seus quadros, o deputado ACM Neto e o presidente estadual da legenda e ex-deputado e ex-vice-presidente nacional do DEM, José Carlos Aleluia.


O PSDB tem outro nome de peso, principalmente para a prefeitura da capital, o do deputado federal, ex-governador e ex-prefeito Antonio Imbassahy. O PPS não tem um nome de seus quadros para incluir seriamente nesse jogo e, portanto, sua função deverá ser apenas a de apoiar.


É muito provável, quase certa, a coligação dessas três legendas que fazem oposição aos governos estadual e federal, nenhuma das quais tem compromisso com o governo do prefeito João Henrique, embora o DEM tenha com ele alguma vinculação que não lhe retira qualquer parcela de liberdade (uma vinculação nascida do fato de que João Henrique venceu Walter Pinheiro no segundo turno das eleições de 2008 porque recebeu o apoio de ACM Neto, do DEM e principalmente dos eleitores deste partido).


É verdade e vale lembrar que a direção nacional do PPS, melhor dizendo, o presidente deste partido, Roberto Freire, teve sempre um forte preconceito ou conceito contra o “carlismo” e refugava tudo que pudesse significar uma aproximação ou até uma simples atenuação de sua animosidade a esse ex-grupo da política baiana e nacional. Mas nas próximas eleições municipais já terão passado mais de quatro anos que o senador Antonio Carlos Magalhães morreu e o remanescente do seu grupo deixou de existir como grupo.


Mesmo antes do desastre de 2010, ocorrera, e em grande escala, a diáspora, neste caso, parodoxalmente, estimulada pelo governador Jaques Wagner, mas não só por ele, como também pelo então ministro Geddel Vieira Lima e pelas estratégias do então senador César Borges (que teria agido com a concordância do deputado ACM Neto), que deixou o DEM para assumir o comando do PR na Bahia.


Seria uma teimosia que atingiria os limites da burrice o PPS manter, a essa altura, a idiossincrasia contra ACM, que Roberto Freire trouxe do seu passado de ex-presidente do Partido Comunista Brasileiro, o “Partidão”, para o PPS.


Seria, ao invés de fazer política com o cérebro, fazê-la com um fígado muito doido – ou intoxicado. Os problemas maiores para a ampla coligação inicialmente citados estão no PMDB e no PR. Estes partidos estão na base política do governo Dilma Rousseff, que é do mesmo partido que o governador Jaques Wagner. Não terão problemas políticos federais se lançarem candidatos próprios a prefeito.


No PR apresenta-se o deputado federal Maurício Trindade. No PMDB, o candidato próprio seria o deputado estadual Alan Sanches, mas ele decidiu que vai deixar o partido e filiar-se ao PSD liderado na Bahia pelo vice-governador Otto Alencar. Uma coligação, seja do PMDB, seja do PR, com o DEM, o PSDB e o PPS atrairia (ou atrairá) a acusação de que estão coligados com a oposição ao governo petista de Dilma Rousseff.


Problema grave, ainda mais que tanto César Borges quando Geddel Vieira Lima estão sem mandato eletivo. Para não apoiar o adversário e na eventualidade de falta de candidato próprio, o PMDB poderia apoiar, por exemplo, o candidato do PTB, vice-prefeito Edvaldo Brito, no primeiro turno. Já 2014 é história diferente, pois está mais longe e muita água vai passar em baixo da ponte. Ponte? Que ponte? Alguém falou em ponte?

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