sábado, 28 de janeiro de 2012

MOMENTO DE AFIRMAÇÃO DA BELEZA DA MULHER...

FONTE: Carlos Vianna Junior REPÓRTER, TRIBUNA DA BAHIA.


Da noite de hoje surgirá a 33ª Deusa do Ébano. As 12 concorrentes foram apresentadas ontem no Hotel Vitória Marina. Elas disputarão, na Noite da Beleza Black deste ano, algo que vai além do trono feminino do bloco afro Ilê Aiyê. Quem ganhar, se transformará em símbolo de conquistas e lutas de uma etnia e representará a autoestima e a presença ascendente da mulher negra na sociedade, através de uma entidade reconhecida mundialmente.

Para Irany Santana, diretora do bloco e apresentadora do concurso há 26 anos, a história do evento conta também parte da história da mulher negra. “Hoje todas as concorrentes tem no mínimo o segundo grau completo e algumas ou são formadas ou estão estudando em faculdades, mas no começo não era assim.”, destaca.

Irany conta ainda que nos primeiros anos devido à falta de autoestima, era difícil encontrar concorrentes. “Há décadas, falar que negro é bonito soava como heresia e isso estava internalizado na mulher negra. Além disso, não existiam nem mesmo produtos de beleza para a pele negra. Tudo isso tem sido vencido ano a ano”, conta.

A mudança de perfil das concorrentes, principalmente em termos de escolaridade, representa antes os avanços nas conquistas dos negros do que uma exigência do bloco. Segundo Irany Santana é exigido apenas que as candidatas estudem o tema anual do evento. Este ano será “Negros do Sul – Lá também tem”. “Além disso, para ser Deusa do Ébano, a mulher tem que demonstrar consciência de sua negritude, o que independe de escolaridade”, disse.

Para o julgamento objetivo são analisados os traçados dos cabelos, as vestimentas e, especialmente, a graça e a desenvoltura das candidatas. A Deusa do Ébano ganha um prêmio em dinheiro – um total de R$ 7 mil é distribuído entre as três primeiras candidatas –, desfila no carro alegórico do bloco durante o carnaval e assume um reinado de um ano.

“Ela assume também um compromisso com a entidade, viajando com o Ylê para festivais, congresso e apresentações. No ano passado fomos, por exemplo, para os Estados Unidos, Senegal, muitos estados do Brasil e até Europa”, informa Antônio Carlos Vovô, presidente do bloco, que ressalta também que o título é vitalício.

Para Deusa de Ébano 2011, Lucimar Cerqueira, o título significou uma mudança muito intensa em sua vida. “Foi um ano de muito aprendizado, alegrias e descobertas. A relação mais íntima com o Ylê me fez uma mulher muito mais confiante e consciente de minha beleza. Mas a maior mudança foi internamente, me sinto quase uma outra pessoa”, conta.

SONHO A SER REALIZADO.
As 12 candidatas foram escolhidas entre 45 inscritas. Entre elas, há quem tem uma relação de longas datas com o bloco, mas há aquelas cuja conhecimento sobre o Curuzu e o Ilê estão apenas começando.

É o caso de Lumena de Aleluia Santos. A mais jovem concorrente ao título de rainha do Ilê, com apenas 20 anos, chegou ao Curuzu através da faculdade de psicologia. “Estava estudando movimentos sociais relacionados com a mulher e acabei entrando em contato com o Ilê e os trabalhos relevantes empreendidos pelo bloco em prol da mulher negra. Comecei da me identificar e hoje quero ser Deusa do Ébano”, disse.

O fato de ser a caçula do grupo não assusta Lumena. “Sinto-me cuidada pelas outras concorrentes”, conta. Uma das que cuida dela é Idalice Falcão, a mais experiente entre as candidatas. Com 34 anos e cinco concursos no currículo, ela é um exemplo de amor pelo Ilê Aiyê.

A Noite da Beleza Black, a partir das 22h, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, terá duas atrações musicais, além da Band’Ayiê. O samba estará representado pelo carioca Arlindo Cruz, autor do sucesso “O nome dela é Griselda”, tema da protagonista da novela global Fina Estampa. Já a black music estará a cargo do cantor baiano Dão, que levará aos presentes sua mistura de blues, funck, reggae e samba duro.

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