sábado, 28 de janeiro de 2012

SAIBA LIDAR COM O CIÚME E SEJA FELIZ...

FONTE: *** TRIBUNA DA BAHIA.

Barthes (1915-1980) admite: “Como ciumento, sofro quatro vezes: porque sou ciumento, porque me reprovo em sê-lo, porque temo que meu ciúme magoe o outro e porque que me deixo dominar por uma banalidade. Sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum”. Barthes expõe a dor atroz do ciumento, algo comparável, talvez, somente à inveja. E ao final se julga “comum”, justamente porque o sentimento é, sem dúvida nenhuma, um dos visitantes mais frequentes da alma humana.

Para o psicólogo argentino Bernardo Stamateas, autor de “Emoções Tóxicas – Como Se Livrar dos Sentimentos Que Fazem Mal a Você” (Ed. Thomas Nelson Brasil), o ciúme nada mais é do que “o medo de perder o que se tem”. Logo, quem ama cuida, para não perder. O problema é a proporção que ele pode assumir, transformando-se em um destrutivo desejo de posse.


Sob controle, o ciúme pode funcionar como aditivo na rotina de um casal. Em exagero, causa desde a tensão emocional e física, escândalos em público, brigas e rompimentos. Há vários tipos de ciúme, e na essência da maior parte deles está a autoestima. Trata-se de um jogo de forças contrárias: quanto menor a autoestima, maior a chance de a pessoa ser ciumenta.

Em geral, quem é excessivamente ciumento é muito controlador, quer monitorar não só a própria vida como a do outro, numa tentativa desesperada –porém, vã– de evitar a traição e o sofrimento. Por outro lado, quem afirma não sentir nem um pouquinho de ciúme é visto com reserva até por psicoterapeutas. “Há uma dificuldade em estabelecer ligações afetivas”, afirma a psicóloga Maria Claudia Lordello, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

OS TIPOS MAIS COMUNS DE CIÚME.


PÓSTUMO -
A relação terminou há meses, mas você continua vigiando os passos da pessoa com quem você terminou pelas redes sociais e sabe tudo sobre suas novas paqueras. “Quem tem ciúme ‘póstumo’ fica preso ao passado e se sente incapaz de enxergar perspectivas futuras”, diz a psicóloga Maria Claudia Lordello. “Parece que a vida fica em suspenso”, diz a psicoterapeuta Sandra Samaritano. “Em alguns casos, essa devoção à memória do que já foi não passa de uma desculpa para não enfrentar a realidade e seguir adiante.”

INVEJOSO - Não é raro a gente descobrir que nosso ciúme, na verdade, serve de disfarce para a inveja que sentimos do parceiro ou parceira. Quem é tímido e se relaciona com alguém bastante extrovertido, por exemplo, à primeira vista parece se roer de raiva toda vez que a pessoa tem uma festa ou algum programa para ir só. O motivo não é o receio de que um envolvimento possa vir a acontecer, mas o desejo inconfessado de também ter um monte de amigos e baladas para curtir.

CULPADO - Responda com sinceridade: será que o seu ciúme exagerado não significa que é você quem sente vontade de pular a cerca? Talvez ainda guarde algum sentimento por um antigo amor – daí fica o tempo todo azucrinando a pessoa amada para saber detalhes sobre suas antigas relações. É comum temermos que a outra pessoa faça aquilo que somos capazes de fazer. Provavelmente, seu ciúme revela que você não consegue estar por inteiro na relação – uma maneira de administrar a culpa, portanto, seria transferi-la para o outro.

MULETA - Semelhante ao ciúme póstumo, o tipo muleta é aquele que acoberta a falta de capacidade de viver as próprias potencialidades. “A pessoa não tem vida própria. A relação com o outro é tudo o que ela tem”, explica a psicóloga Sandra Samaritano. Dedicar-se demais à vida de alguém e esquecer de si mesmo é um erro que, após um tempo de relação, traz sofrimento. Futuramente, você acabará cobrando da pessoa amada, em forma de ciúme, as consequências dessa dedicação excessiva. Sentindo-se só, questionará por que ele ou ela não vive em sua função, assim como você faz (como se agir assim fosse correto).

SIMBIÓTICO - É o pior tipo de ciúme. “Um se alimenta do ciúme do outro para sobreviver”, explica a psicoterapeuta Sandra Samaritano. São aqueles casos típicos em que o sujeito não deixa a namorada sair com as amigas, usar roupa curta ou fazer qualquer tipo de programa que não o inclua. Ela, por sua vez, grita, chora, reclama, mas acata –pois, no fundo, sente orgulho por ter um homem tão “apaixonado” por ela. Nem é preciso dizer que ele só age dessa forma porque ela permite. Claro que o inverso também é frequente: a mulher que proíbe o companheiro de jogar bola com a turma ou ir ao “happy hour” do escritório –e ele resmunga, mas aceita.

SAÚDAVEL - Sim, existe ciúme saudável. É aquela (pequena e controlada) insegurança que bate, por exemplo, quando um dos dois olha para um pessoa lindíssima que acabou de entrar na festa. Quem sente isso sabe que, por melhor e mais duradoura que seja a relação, nada está totalmente garantido. Uma sombra de dúvida e incerteza ajuda a fazer com que a pessoa enciumada se torne mais dedicada e disponível e cuide melhor de si e da relação.

DOENTE - O ciúme patológico é o tipo de sentimento que oprime e sufoca uma pessoa, de tanto querer exercer controle sobre a vida dela. Quem sente ciúme doentio enxerga inimigos por todos os lados, desconfia de qualquer pessoa e, por mais que receba amor, nunca é o suficiente. Pessoas assim tornam-se inconvenientes, agressivas e até violentas – portanto, infelizes. Incapazes de controlar seus sentimentos e atitudes quando estão tendo uma crise, necessitam de acompanhamento psicológico para vencer esse sentimento (e conseguem).

CINCO DICAS PARA DRIBLAR O PROBLEMA.
1.
Entenda que o ciúme não protege relação nenhuma de uma possível traição. Conscientizar-se disso é libertador. Afinal, quem garante ao ciumento que, por mais que ele vigie, receberá a fidelidade de volta?


2. Conscientize-se de suas qualidades, seus defeitos e limites. Esse é um exercício bastante útil de autoconhecimento. Você consegue identificar o que precisa ressaltar na sua personalidade e o que pode melhorar, ganhando segurança e autoconfiança. Esse é o primeiro passo para libertar-se da necessidade de querer controlar tudo.


3. O ciúme, em si, não costuma chatear o parceiro. O que põe em risco o sucesso da relação é a desconfiança. Compreenda essa diferença.


4. Em vez de viver no mundo da fantasia, imaginando o que a pessoa com quem você se relaciona está fazendo longe dos seus olhos, que tal conhecer de perto a realidade dela? Isso inclui apresentar-se aos colegas de trabalho, visitar a academia, conhecer aquela amizade de anos.


5. Analise sempre os fatos, não as impressões. Respire fundo e separe o que é a emoção do momento do que realmente aconteceu. É muito frequente os ciumentos brigarem por coisas que imaginam que podem ter acontecido, mas, de fato, não aconteceram (e, muitas vezes, há remotas chances de acontecer).

*** Do Uol.

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