sábado, 5 de junho de 2010

DATAFOLHA MUDOU FASE DA CAMPANHA...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

A campanha eleitoral apelidada de pré-campanha entrou numa fase mais importante a partir da última pesquisa Datafolha, que indicou empate entre os dois candidatos na liderança das intenções de voto – 37 por cento para cada um.
Foi um momento especial para a candidatura da petista Dilma Rousseff, que chegou a esse resultado principalmente graças a um programa de “propaganda partidária”, de dez minutos transmitido em rede nacional.
No entanto, o PT decidiu que, pelas vantagens que podia tirar e pelas dificuldades que sua candidata estava enfrentando para alcançar o adversário José Serra, do PSDB, valia a pena infringir a lei. E fez todo o programa com notória propaganda, não partidária, mas eleitoral, a favor de Rousseff, com o presidente Lula como uma espécie de garoto propaganda. E Dilma chegou ao empate na pesquisa Datafolha, realizada após o programa de propaganda do PT.
Isto teve reflexos profundos nas articulações políticas e na campanha, que do lado das oposições, seguindo uma estratégia escolhida por José Serra, vinha fria. É que, enquanto estava com uma boa vantagem, Serra não tinha interesse em esquentar as coisas. Foi forçado a mudar de estratégia ante o empate nas intenções de voto e partir para o ataque direto à adversária (o último míssil que disparou foi comentar que “me acham feio, mas não tenho duas caras”, numa alusão a alguns fatos e/ou posições dúbias da candidata petista). O noticiário político tem dado conta da pancadaria pública entre esses dois concorrentes à presidência.
Mas Serra passou também a avançar bandeiras de campanha que até então mantinha guardadas para a fase seguinte, a iniciar-se na convenção que oficializará sua candidatura, a realizar-se em Salvador, no dia 12. A primeira delas, ele a lançou na Bahia: o anúncio de que, se eleito, empenhará a fundo a União, o governo federal, no combate à insegurança pública, sustentando que esta não terá solução sem uma participação muito forte e a coordenação da União, responsável pelo combate ao contrabando de armas e tráfico de drogas através das fronteiras brasileiras. No embalo, avisou que criará um Ministério da Segurança Pública.
Aí ele pegou Dilma no contra-pé, porque o governo Lula, do qual Dilma participou, inclusive como a quase todo-poderosa ministra-chefe da Casa Civil, foi e continuará sendo um fracasso total no setor da segurança. A única coisa que a candidata do PT conseguiu dizer foi que é desnecessário um Ministério da Segurança Pública. Opinião dela, mas os bandidos agradecem.
Ela tratou, no entanto, de encontrar uma bandeira para o contra-ataque. E então descobriu que “uma coisa com muito imposto é o remédio” e que “é uma questão de justiça reduzir os tributos dos remédios e garantir redução nos preços”. Fiquei feliz. Acho que afinal encontrei uma leitora para o que escrevo neste jornal. É que dias antes abordara a questão da carga tributária média sobre os medicamentos no Brasil, de 35 por cento, aproximadamente, chamando a atenção para o absurdo, quando no México e Estados Unidos, por exemplo, eles são isentos, enquanto em outros países desenvolvidos ou emergentes têm uma carga tributária que não ultrapassa os dez por cento.
Mas Serra, que já tinha a garantia de acesso aos remédios como uma bandeira de sua campanha, acaba de ir à tréplica, prometendo desonerar alguns produtos da cesta básica.

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