FONTE: GUILHERME GENESTRETI, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Com seis anos de experiência no ambulatório de idosos soropositivos do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, o infectologista Jean Gorinchteyn notou uma lacuna grave nas campanhas de prevenção da Aids: elas não se dirigem às pessoas que têm mais de 50 anos.
O resultado, segundo o médico, é a presença, no hospital, de mais senhores e senhoras infectados com o vírus, e "das formas mais banais". O público nessa faixa de idade é pouco acostumado ao uso da camisinha e ignora os riscos de contágio.
Para contornar esse cenário, Gorinchteyn escreveu "Sexo e Aids Depois dos 50", livro que reúne muitas informações práticas sobre o tratamento e o diagnóstico, além da história da doença.
Mas o coração da obra são os depoimentos de quatro mulheres e dois homens entre 61 e 75 anos. Eles relatam como contraíram uma doença que até então acreditavam ser exclusiva de jovens.
Nas orelhas há depoimentos de Lima Duarte, Paulo Goulart, Nicete Bruno e Adriane Galisteu, célebres que, segundo o médico, dão mais visibilidade ao alerta.
LEIA OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA.
FOLHA – PESSOAS AIMA DE 50 SÃO O NOVO GRUPO DE RISCO?
JEAN GORINCHTEYN - Todos somos grupos de risco, mas criamos condições de essas pessoas mais velhas se tornarem vulneráveis, sem direito à prevenção. Representam o grupo de maior risco, hoje. As outras faixas etárias estão protegidas: houve redução da transmissão infantil e no número de infectados entre a população de 14 a 49 anos.
JEAN GORINCHTEYN - Todos somos grupos de risco, mas criamos condições de essas pessoas mais velhas se tornarem vulneráveis, sem direito à prevenção. Representam o grupo de maior risco, hoje. As outras faixas etárias estão protegidas: houve redução da transmissão infantil e no número de infectados entre a população de 14 a 49 anos.
QUAIS OS NÚMEROS DE INFECTADOS NESSA FAIXA ETÁRIA?
Até 2002, tínhamos uma média de 17 pessoas acima dos 50 com HIV por 100 mil habitantes. Isso dobrou naquele ano: saltou para 40 pacientes por 100 mil habitantes, nível que vem se mantendo. Se os níveis se mantêm é porque essa população não foi alertada. Nas outras faixas, isso tem diminuído.
Até 2002, tínhamos uma média de 17 pessoas acima dos 50 com HIV por 100 mil habitantes. Isso dobrou naquele ano: saltou para 40 pacientes por 100 mil habitantes, nível que vem se mantendo. Se os níveis se mantêm é porque essa população não foi alertada. Nas outras faixas, isso tem diminuído.
DE QUE FORMA AS PESSOAS DE MAIS DE 50 ANOS CONTRAEM O VÍRUS?
Entre os mais velhos, 89% das contaminações se dão por via sexual, como nos jovens. A diferença é que o jovem hoje se contamina se quiser. Ele sabe como usar o preservativo e onde encontrar.
Entre os mais velhos, 89% das contaminações se dão por via sexual, como nos jovens. A diferença é que o jovem hoje se contamina se quiser. Ele sabe como usar o preservativo e onde encontrar.
Os mais velhos, não. Dizem que não sabiam usar. Já não usavam o preservativo de forma habitual, porque o látex era duro e grosso, só usado para evitar a gravidez.
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