segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A NOIVA DA VEZ...


FONTE: IVAN DE CARVALHO, TRIBUNA DA BAHIA.
O ex-governador e atual vice-governador Otto Alencar é uma das três principais lideranças do PP da Bahia, mas não faz parte do núcleo de comando do partido, do qual, como ele mesmo já deixou claro, sofreu veto quando o governador Jaques Wagner decidiu nomeá-lo secretário estadual de Infraestrutura. O veto não adiantou nada, não foi acatado, mas evidenciou que a seção estadual do PP não tem um comando tripartite que o inclua, mas um comando formado pelo ministro das Cidades, deputado Mário Negromonte e pelo deputado João Leão.
João Leão é o objeto principal destas linhas. Ele foi prefeito de Lauro de Freiras e é influente e muito bem votado deputado federal. Durante a parte final do mandato anterior do governador Jaques Wagner – após o rompimento deste com o então ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima –, Leão foi secretário estadual de Infraestrutura.
Wagner trocou o primeiro mandato pelo segundo e, neste, não mais entregou a Secretaria Estadual de Infraestrutura a João Leão. Quando quis entregá-la ao pepista Otto Alencar, o PP, nos bastidores, se manifestou contrário. Preferia que este importante setor da máquina estadual continuasse em mãos de João Leão.Isto se tornou ainda mais evidente quando o PP, feliz da vida, aceitou em seus quadros o prefeito de Salvador, o no momento popularmente desgastado João Henrique – situação semelhante, significativamente, já aconteceu antes, lembram-se, quando o mesmo prefeito, então em seu primeiro mandato, ingressou no PMDB.
Bem, convertido de peemedebista em pepista, o prefeito convidou o deputado João Leão para ser o chefe de sua Casa Civil. E Leão aceitou, dando o sinal claro de que não o entusiasma voltar tão cedo para Brasília. Quer ficar por aqui mesmo. Com qual intenção? Ah, bom, que tal uma candidatura a prefeito da capital? Uma candidatura firmada em um partido, o PP, que é “da base” federal, “da base” estadual e “da base” municipal”.
João Leão tem um estilo pessoal espaçoso. Ainda não assumiu o cargo de chefe da Casa Civil, mas já o ocupou. Reúne-se com o prefeito e sua equipe. Por enquanto é isso. Com o tempo, restará saber (entre outras coisas, claro) se o prefeito João Henrique vai ou não sentir-se confortável com o estilo espaçoso do chefe de sua Casa Civil e, quem sabe, do possível candidato do PP à sua sucessão. Além do PP estar no comando do Ministério das Cidades com o baiano Mário Negromonte, João Leão já tem uma cabeça de ponte para Salvador, pois sua base política original é Lauro de Freitas, de onde já foi prefeito. Armas de candidato.
Mas Leão é esperto e revela uma faceta de esperteza que Geddel e Lúcio Vieira Lima não usaram. Quando alguém dizia que estes “mandavam” na prefeitura, eles não ligavam. Leão está devolvendo antes mesmo que façam a intriga: proclama que está aí para seguir as ordens de João Henrique. E enquanto proclamar isso, as chances de suas próprias ordens soarem em surdina são grandes.
Tudo junto, o PT já está enciumado. Porque o PT não abre mão de ter candidato próprio a prefeito em 2012. Daí que seu presidente estadual, Jonas Paulo, já procura marcar território – o PP é aliado, mas não é para substituir o PT, adverte. OK. Mas o PP é a noiva da vez: como o PMDB da outra vez, não tinha nada em Salvador e agora tem o prefeito, a máquina da prefeitura e um provável candidato à sucessão de João Henrique. E com o Ministério das Cidades e a aliança com o governo Wagner, tornou-se atrativo para o interior (como o PMDB com o Ministério da Integração Nacional), ao que soma o espaço conquistado na capital.
É, assim, um partido importante, tanto para 2012 quanto para 2014. Em nenhuma dessas ocasiões o PT se conformará (salvo por alguma improvável imposição do comando nacional, como ocorreu em Minas Gerais no ano passado, quando foi obrigado a apoiar o peemedebista Hélio Costa) em não ter candidato próprio. Mas uma base política oficial tão ampla pode até fornecer mais de um candidato a governador.

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