FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Estudos do Centro de Otimização da Reabilitação do Autista (Cora), do Rio de Janeiro, revelam que o autismo é uma síndrome que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros. Estatísticas publicadas pela Revista Época, de 11 de junho de 2007, apontaram que 1 em cada 150 crianças nascidas no Brasil seja autista.
No Mundo, existem mais de 70 milhões de portadores do autismo, conforme estimativas da ONU.Neste contexto, aponta a presidente da Associação de Amigos do Autista, AMA, Rita Brasil.
Estes e outros assuntos - como inclusão em escolas regulares, legislação nacional em defesa dos autistas, pesquisas e treinamento/formação de profissional especializado - estarão em destaque em diversos eventos, devido a passagem do Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril), data estabelecida pelas Nações Unidas.
Serão atos simbólicos,de sensibilização da sociedade, ou de debates visando a discussão e proposição de soluções acerca dos principais desafios enfrentados por familiares, amigos e portadores da síndrome.
Há avanços, como por exemplo uma pesquisa desenvolvida por três cientistas brasileiros que buscam um remédio que pode trazer a cura desta síndrome e um cientista britânico que visa diagnóstica a doença por meio de uma ressonância magnética..
Na Bahia, o principal ato programado é um abraço simbólico ao Farol da Barra, no dia 2, às 10 horas.Na véspera, em mesmo horário, ocorre a sessão especial na Câmara Municipal, proposta pelo vereador Dr.Pitangueiras. Entidades como a Associação de Defesados Direitos da Pessoa Autista (Abraça) e Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista (Afaga) realizam um encontro de mães no dia 4, no Instituto Pestalozzi.
No dia 1º, aproveitam a sessão na Câmara para promover um ato de conscientização/sensibilização na Praça Municipal.Com mais frequência, o autismo é diagnosticado por volta dos 3 anos de idade, mas os sintomas podem ser observados mais cedo. A AMA acompanha pacientes com 18 meses.
"Os sintomas podem ser observados até na fase bebê, na amamentação", frisa Rita Brasil. Segundo ela, quanto mais precoce a identificação, mais facilitada fica a matricula do paciente na escola regular, uma das mais importantes metas na inclusão do autista.
Tal atendimento fica mais difícil quando o paciente já está mais crescido, principalmente após os 17 anos. "O diagnóstico precoce do autismo pode significar o início de uma atenção especializada mais cedo, traduzida por uma integração social maior no futuro dessas crianças", atesta o Cora.
TGD.
A programação da semana de conscientização do autismo deve incluir a defesa do projeto elaborado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado estabelecendo normas de atenção e proteção ao autista.Para a psicopedagoga e mãe de um autista, Mariene Martins Maciel dois fatos merecem ser comemorados: o fortalecimento do grupo de trabalho desenvolvido com os governos do estado e prefeitura e o atendimento especializado em Transtornos Globais do Desenvolvimentov (TGD), função assumida pelo Instituto Pestalozzi.
"Agora a gente pode formar profissionais com um olhar voltado para as especifidades dos TGD, incluindo o autismo. Antes era muito generalista", explicou. Mariene contou que em 2008 havia no Pestalozzi apenas sete casos diagnósticados como TGD.
Hoje, são mais de 140. O local trata inclusive pacientes com autismo associados a outras dificuldades, como portadores de deficiência visual e o mal de Prader Willy (cujo sintoma principal é a obesidade morbida). Já o grupo de trabalho, iniciado com órgãos da área de Saúde, conta atualmente com as secretarias de Educação e Assistência Social dos dois governos e, desde 2010, é integrado pelas universidades do Estado da Bahia (Uneb) e Federal da Bahia (Ufba).
"O GT debate as políticas públicas de assistência ao autista, principalmente treinamento e divulgação", conta. Outro importante avanço, principalmente para quem procura informações sobre a assistência ao autista, é a Revista Autismo, a primeira do gênero na América Latina e única no idioma português. A publicação é disponível na internet, pelo endereço www.revistaautismo.com.br.
DESMISTIFICAÇÃO.
De diagnóstico complexo, o autismo é definido como uma disfunção que afeta a capacidade motora, de comunicação e de relacionamento do ser humano. Cientistas brasileiros instalados em San Diego, na Califórnia (EUA), partiram dessa premissa para desenvolver um remédio que pode levar à cura da síndrome. Não no curto prazo, porque a droga testada por Allyson Muotri, Cassiano Carromeu e Carol Marcheto, se revelou muito tóxica.
Chefe do estudo, Allyson Muotri, desmistificou um dos estigmas que atrapalham a assistência ao autista: a crença de que ela acontece por algum erro no relacionamento emocional dos pais. "O estigma não deve existir mais. Não é culpa dos pais. Isso é um problema genético e a gente tem que trabalhar em cima disso".
A partir de células da pele de crianças autistas e sem o distúrbio, os pesquisadores descobriram que os núcleos celulares no primeiro grupoi eram maiores e as ramificações dos neurônios eram mais curtas.
Os pesquisadores recorreram a diversos remédios tentar equacionar este problema. Um deles funcionou, deixou o neurônio normal. "Se foi possível alterar uma célula, é possível alterar todos os neurônios do cérebro, dizem os pesquisadores".
Nenhum comentário:
Postar um comentário